Armas apreendidas eram utilizadas nas atividades ilegais promovidas por
duas organizações criminosas no Rio Grande do Norte
O Ministério Público Federal
no Rio Grande do Norte (MPF/RN) denunciou por posse irregular de arma de fogo
quatro envolvidos no esquema ilegal de jogos que foi alvo da Operação Forró.
Walter Duque de Morais Filho; Wagner Miguel de Araújo Galvão, o “Novinho do
Gás”; Maurício Alves de Barros e Maurício Alves de Barros Júnior tiveram seus
revólveres e pistola apreendidos durante a operação, realizada em 4 de dezembro
de 2013.
As armas estavam em situação
irregular e todos mantinham ainda, em suas residências, cartuchos com munições.
Os revólveres e a pistola eram utilizados pelos denunciados no apoio às
atividades ilegais praticadas pelas duas organizações identificadas na Operação
Forró. Ambas operavam jogos ilícitos (jogo do bicho e caça-níqueis) e suas ações
incluíam crimes como contrabando; corrupção ativa e passiva; lavagem de
capitais; e participação em organização criminosa armada.
Wagner Miguel, também
conhecido como “Novinho do Gás”, mantinha em sua residência, no bairro do Bom
Pastor em Natal, uma pistola da marca Taurus, modelo PT 58S, calibre 38. Além
da arma, foram encontrados 25 cartuchos e dois carregadores de pistola. O
registro da arma estava vencido desde 17 de março de 2013 e o pedido de
renovação havia sido indeferido. De acordo com as investigações, Wagner Miguel
era um dos principais intermediários entre as organizações criminosas e
policiais civis, que contribuíam com as ilicitudes mediante propina.
Na residência de Walter Duque
Filho, no Parque Joquey Clube em Parnamirim, foi encontrado um revólver Taurus,
calibre 38, e ainda 20 cartuchos de calibre 38 intactos. O único documento de
registro existente datava de 1998 e já havia expirado. Ele, segundo aponta a
denúncia, fazia uso do revólver para garantir “a guarda e a distribuição segura
do dinheiro” da organização criminosa conhecida como “os cariocas”.
Aditamento – Além das duas
denúncias, o MPF apresentou um aditamento à ação penal
0001069-23.2014.4.05.8400, inicialmente proposta pelo Ministério Público
Estadual. O aditamento foi necessário tendo em vista que, devido à relação com
um dos processos da Operação Forró (0006276-37.2013.4.05.8400), o crime de
posse irregular de arma atribuído a Maurício Alves de Barros e Maurício Alves
de Barros Júnior passou à competência da Justiça Federal.
No aditamento, o MPF destaca
que dois revólveres foram encontrados durante o cumprimento dos mandados
judiciais da Operação Forró na residência de Maurício Alves de Barros Júnior.
Um dos revólveres, da marca Taurus, calibre 38, pertencente a Maurício Júnior,
apresentava um documento de registro vencido desde 12 de julho do ano passado,
quase cinco meses antes da apreensão.
O outro revólver, pertencente
a Maurício “Pai”, também calibre 38, da marca Rossi, não apresentava registro.
Os dois são apontados como dois dos principais integrantes da organização
criminosa conhecida como “os cariocas”. Além dos revólveres, foram aprendidas
63 munições calibre 38, intactas. O crime de posse irregular de arma de fogo de
uso permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/2003 ) prevê pena de detenção de um a
três anos e multa.
Operação – A “Forró”
desbaratou duas organizações criminosas, uma liderada por Maurício Alves de
Barros e a outra por Vicente Paulo da Silva Neto (“Paulinho”), cada qual com
atividades criminosas próprias, mas associadas entre si em uma casa de jogos
ilegais no bairro de Ponta Negra.
A investigação iniciada em
2012 revelou, através de escutas telefônicas, que “Gilberto Tavares da Silva
explorava jogos de azar por meio do uso de máquinas caça-níquel e do jogo do
bicho”, auxiliado por um grande grupo de pessoas que passaram a ser
investigadas. Em agosto de 2012 Gilberto Tavares foi assassinado.
“O fato levou tanto ao
desmembramento dos negócios ilícitos do falecido quanto a uma disputa por seu
patrimônio”, aponta o MPF na denúncia original. Antigos sócios e alguns
familiares de Gilberto Tavares assumiram seus negócios. A operação do jogo do
bicho foi repassada ao grupo chamado de os “cariocas”, liderados por Maurício
Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo Alves de Barros e
Eduardo Madureira da Silva.
Já a administração das
máquinas caça-níqueis ficou a cargo de um filho de Gilberto, Radmak Freire da
Silva, que se associou a Vicente Paulo da Silva Neto, o “Paulinho”. Outros
denunciados realizavam tarefas diversas dentro das duas organizações
criminosas, que contavam com proteção por parte de alguns policiais militares e
tinham entre suas práticas o pagamento de propina a policiais civis, para que
suas atividades não fossem combatidas.
No dia 13 de novembro de 2013,
a Polícia Federal realizou busca e apreensão na casa de jogos da Rua Ilce
Marinho, em Ponta Negra, na chamada “Operação Natal Feliz”, no qual apreendeu
44 máquinas caça-níquel. Um laudo confirmou a procedência estrangeira de todos
os 89 componentes eletrônicos existentes nesses equipamentos, reforçando a
prática do crime de contrabando.
A Operação Forró, deflagrada
menos de um mês depois, resultou na apreensão de mais 83 máquinas de jogos
ilegais, além de documentos, aparelhos telefônicos, discos rígidos e outras
mídias. A Polícia Federal executou ainda a prisão temporária de vários
investigados e a condução coercitiva de outros envolvidos. No dia seguinte,
outras 21 máquinas foram localizadas, assim como 16 carcaças destinadas ao mesmo
fim e seis monitores de vídeo LCD.
As duas novas ações penais
irão tramitar na Justiça Federal sob os números 0001719-70.2014.4.05.8400 e
0001721-40.2014.4.05.8400.
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