Investigados na operação
Cidade Luz, que apura desvio de recursos da Secretaria Municipal de Serviços
Urbanos (Semsur), os empresários Allan Emmanuel Ferreira da Rocha e Felipe
Gonçalves de Castro disseram ao Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MPRN) que o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), recebeu pelo menos
R$ 280 mil em propina às vésperas da eleição de 2016.
A revelação dos empresários
aconteceu no âmbito de um acordo de delação premiada com o MPRN já homologado
pelo juiz José Armando Ponte Dias Júnior, da 7ª Vara Criminal de Natal. Em
depoimento, Allan Emmanuel e Felipe afirmaram que Carlos Eduardo recebeu o
dinheiro com a condição de que os contratos de iluminação pública da Prefeitura
de Natal com as empresas Enertec e Real Energy em vigor não seriam rompidos e
que outros seriam firmados.
Os colaboradores contaram que,
após a reunião com o prefeito, a propina passou a ser negociada diretamente com
Jonny Costa, então preposto de Carlos Eduardo. Coube ao secretário, então,
fazer a cobrança dos R$ 300 mil.
Do valor solicitado pelo
assessor do prefeito, Allan Emmanuel e Felipe confessaram ter pagado R$ 280
mil, em duas etapas. Os valores, segundo eles, foram repassados perto das
eleições em uma parcela de R$ 150 mil e outra de R$ 130 mil.
Conforme a delação, as
parcelas da propina teriam sido pagas por Allan Emmanuel – uma parcela a Jonny
Costa e outra a Daniel Bandeira, então secretário de Segurança Pública e Defesa
Social. Segundo os depoimentos, uma entrega aconteceu no estacionamento do
shopping Midway Mall e outra no estacionamento do supermercado Nordestão da
Avenida Salgado Filho.
Secretário Jonny Costa recebeu propina pelo prefeito, segundo delatores – Foto: José Aldenir / Agora Imagens
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Pagamento de propina teria
acontecido por meio de caixa dois
No acordo de colaboração com o
Ministério Público, Allan e Felipe afirmaram que nenhum desses pagamentos foi
registrado como contribuição eleitoral, ou seja, todos os recursos entraram na
contabilidade de campanha de Carlos Eduardo via caixa dois. Nas empresas,
segundo os dois delatores, o valor consta na planilha de prestação de contas como
“Despesas diversas P”, cujo “P” significaria “prefeito”.
Ainda segundo os
colaboradores, dos R$ 280 mil pagos a Carlos Eduardo (via Jonny Costa e Daniel
Bandeira), R$ 200 mil saíram do caixa da Enertec e outros R$ 80 mil da Real
Energy, administradas respectivamente por Maurício Guerra e Alberto Cardoso
Correia.
Mais adiante na delação, Allan
Emmanuel e Felipe reiteram que os valores de propina pagos a Carlos Eduardo
tinham como objetivo a manutenção dos acertos existentes e a promessa de novos
contratos com a Prefeitura de Natal. Segundo os delatores, os contratos não
foram especificados naquele momento em que as contribuições foram negociadas,
mas o prefeito teria dado sua palavra de que os acordos seriam mantidos. E,
segundo os delatores, realmente foram.
Delatores dizem que Kléber
Fernandes recebeu R$ 6 mil
No acordo de colaboração com o
Ministério Público, os empresários investigados na Cidade Luz relatam que Jonny
Costa informou em reunião que o então candidato a vereador Kléber Fernandes
(PDT) era o nome preferido de Carlos Eduardo para a disputa eleitoral. Após
isso, o então secretário pediu ajuda das empresas a Kléber.
Os empresários afirmam que,
após a reunião com Jonny, um encontro com o próprio Kléber Fernandes foi
marcado e que, na ocasião, o então candidato pediu contribuição de R$ 6 mil
para uma feijoada de adesão à sua campanha.
O pagamento de contribuições
para feijoadas teria acontecido também, segundo os delatores, com Carlos
Eduardo. Cada empresa – por ordem de Antônio Fernandes – pagou R$ 1,5 mil em
senhas (que foram distribuídas entre os funcionários) para um evento de março
de 2016.
Vereador Kléber Fernandes (PDT) teria pedido dinheiro para feijoada – Foto: José Aldenir / Agora Imagens
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Os empresários Allan Emmanuel
e Felipe Gonçalves disseram ao MPRN que a propina de Carlos Eduardo foi
extraída dos pagamentos dos contratos (medições) que as empresas Enertec e Real
Energy tinham com a Prefeitura de Natal, via Semsur.
De acordo com os delatores,
dos valores pagos pelo Município pelos serviços prestados, quantias de até R$
80 mil eram “separadas” para o prefeito. Nada foi registrado como contribuição
oficial.
O QUE É
“Operação Cidade Luz”
Deflagrada em julho de 2017
O que investiga: Contratos de
iluminação pública firmados pela Semsur com empresas
Desvio: Cerca de R$ 2,1
milhões, segundo o MPRN
Agora RN
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