
Desde o final da última
semana, tem circulado nas redes sociais a informação de que o inverno deste ano
deverá ser o mais rigoroso dos últimos cem anos no Brasil. Os boatos afirmam
que o responsável seria o La Niña, fenômeno de resfriamento da superfície do
Oceano Pacífico.
Celso Oliveira, meteorologista
da Somar, não vê dessa forma. “Eu não entraria no mérito se vai ser o inverno
mais frio em cem, 200 ou 300 anos”, afirma o especialista à reportagem. “O que
se pode falar, tecnicamente, é que teremos uma estação mais fria do que no ano
passado com possibilidades de picos pontuais, como em outras ocasiões.”
De acordo com Oliveira, o La
Niña é de fato um dos motivos para esta previsão de queda.
“Já podemos afirmar [que será
mais frio] porque o Oceano Pacífico, no ano passado, estava quente. O La Niña
permite a entrada de mais frentes frias”, explica. “Além disso, temos a
correlação entre as ondas de frio e a atividade solar. O Sol tem um ciclo de 11
anos em que se aproxima e se afasta da Terra. Seu auge [de afastamento] deve
acontecer em uns 2 anos.”
Ainda assim, o meteorologista
explica que as simulações feitas pela Somar não apontam para o frio extremo. “O
que pode acontecer é como em 2013, que na semana do dia 25 julho houve uma brusca
queda, mas, como um todo não foi um inverno frio”, argumenta.
“Ou seja: quando se fala que o
inverno será mais frio é uma média ou um pico durante um ou dois dias? A
estação tem 90. Será no Sudeste, no Sul ou no país inteiro?”, questiona
Oliveira. “Por isso é difícil [afirmar isso]. E este tipo de informação traz
consequências complicadas na tomada de decisões de diversas indústrias.”
Tendências para o inverno 2018
As simulações mostram que o
inverno deste ano terá um frio mais frequente, mesmo que não tão intenso. As
regiões Sul e Sudeste devem ser as mais afetadas pela queda das temperaturas.
“Teremos um outono mais
chuvoso, o que deve resultar em um inverno com tardes mais nubladas e úmidas e
madrugadas não tão geladas”, afirma Oliveira. “Pode haver, claro, semanas com
picos maiores, mas o padrão deverá ser este.”
De acordo com o especialista,
tardes nubladas e frias fazem com que a sensação térmica diminua. “Não será um
inverno como o que tivemos nos últimos anos, de tarde ensolaradas, secas e geladas.
Neste ano, teremos aquele clima chuvoso e nublado.”
Oliveira diz que para seus
clientes de malharia, por exemplo, está recomendando meia estação, com tecidos
não tão pesados, mas que sustentem tardes frias.
Folha de São Paulo
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