De acordo com Wellington Bernardo, coordenador do MLMP, o terreno onde fica a residência estava abandonado e servia como ponto de drogas e de apoio para furtos e roubos. “Além do abandono do terreno, o casarão está todo depredado e o local servia para práticas ilícitas, como o consumo de drogas e apoio para furtos e roubos na região. Então, a gente ocupou para que se cumpra o que está na Constituição. Queremos que essa área cumpra uma função social”, diz.
Segundo ele, as famílias devem ficar no local por tempo
indeterminado. “Todas elas buscam uma moradia e, já que o terreno pertence à
Igreja, a gente espera unir forças para buscar uma solução para o problema da
falta de habitação”, afirma Wellington Bernardo. A intenção, conforme destaca,
é dialogar com o Poder Público com o apoio da Arquidiocese de Natal, que
é responsável pela área atualmente. De acordo com Wellington, o Movimento pede que
o terreno seja usado para a construção de moradias ou que seja buscada outra
solução, como a permuta da área por outra para a instalação das habitações.
“O que a gente quer é uma negociação. Na sexta, o padre Valdir Cândido, pároco da Catedral Metropolitana de Natal, esteve aqui e nós conversamos exatamente sobre essas possibilidades, uma vez que a Igreja defende os pobres. Estamos buscando um diálogo. Não estamos irredutíveis a nada”, comenta o coordenador do MLMP.
A Arquidiocese de Natal informou que irá “tentar provocar
o poder público para ver a questão” das famílias. Um boletim de ocorrência foi
registrado para reintegração de posse, mas a prioridade, segundo a
Arquidiocese, é o diálogo. Nesta segunda-feira (24), o padre Valdir
Cândido deve articular com o Governo do Estado uma conversa para tratar do
assunto.
Se o desfecho da questão não for favorável, a
Arquidiocese pretende acionar a Justiça para a reintegração de posse do
terreno. Wellington Bernardo, do MLMP, disse que o Movimento está aberto para
participar de audiências e debates, se for o caso. “Se for marcado algo assim,
nós estamos prontos para dialogar”, afirmou. Por enquanto, as famílias
permanecem no local em uma estrutura tomada, em grande parte, pelo mato.
“A gente pretende ficar aqui até que se tenha um
desdobramento. As pessoas estão chegando com material para montar cabanas e
estão fazendo a limpeza do local, porque mato aqui estava muito alto”,
diz o coordenador do MLMP. As famílias que ocupam o terreno vieram de bairros
adjacentes, como Nossa Senhora de Nazaré, Felipe Camarão e Cidade Nova, além do
próprio bairro de Bom Pastor.
Rosineide Cruz, de 37 anos, decidiu ir para a ocupação
porque disse sonhar com uma casa para ela e os cinco filhos. “Recebo um valor
de R$ 600 pelo Bolsa Família e pago R$ 500 de aluguel, um valor muito alto. Só
sobram R$ 100. Além do aluguel, tem gás, água, luz e alimentação. E tem que
torcer também para os filhos não ficarem doentes, porque aí seria mais despesa
com remédios”, comenta.
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