Ambições chinesas fizeram com
que país fosse o primeiro a enviar um veículo espacial para o lado oculto da
Lua, concluísse a construção da estação espacial orbital e ser o segundo país a
pousar uma missão tripulada na lua até 2030
A missão lunar da China para
trazer de volta as primeiras amostras já recolhidas do lado oculto da lua está
programada para o próximo ano, dizem as autoridades, à medida que Pequim intensifica
o seu ambicioso plano de enviar astronautas à Lua nesta década e construir uma
estação internacional de pesquisa lunar.
Os preparativos para a próxima missão – conhecida como Chang’e-6 – estavam progredindo sem problemas, afirmou a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) em comunicado na semana passada, acrescentando que o satélite retransmissor que acompanha a missão seria implantado no primeiro semestre do próximo ano.
Esta semana, a CNSA também
antecipou a sua missão Chang’e-8 prevista para 2028, com as autoridades
chinesas pedindo na segunda-feira (2) uma maior colaboração global para a
expedição lunar não tripulada durante o Congresso Astronáutico Internacional em
Baku, no Azerbaijão.
A expedição chinesa em 2028
acolheria projetos conjuntos de “nível de missão” com outros países e
organizações internacionais, de acordo com um documento de acompanhamento
divulgado no site da CNSA.
Isto significa que a China e
os parceiros internacionais poderiam trabalhar juntos no lançamento de naves
espaciais e na operação em órbita, conduzir “interações” entre naves espaciais
e explorar conjuntamente a superfície da lua, afirma o documento.
A espaçonave também
abriria espaço para 200 quilogramas de cargas científicas estrangeiras, disse a
agência em seu site. Isto poderia permitir que parceiros estrangeiros
conduzissem pesquisas lunares “pegando carona” na missão, disse a mídia estatal
chinesa.
A China espera que ambas as
próximas missões, e a Chang’e-7 prevista para 2026, produzam dados valiosos
para a construção de uma estação de pesquisa internacional permanente no pólo
sul lunar até 2040 – parte do esforço mais amplo de Pequim para se tornar uma
grande potência espacial.
Esses esforços fizeram com que
a China se tornasse o primeiro país a enviar um veículo espacial para o outro
lado da lua em 2019, concluísse a construção de sua estação espacial orbital
Tiangong no ano passado e anunciasse planos para se tornar o segundo país a
pousar uma missão tripulada na lua até 2030.
A expansão dos laços
internacionais de Pequim através da colaboração espacial também faz parte desse
plano – embora até agora apenas alguns países tenham aderido à sua planejada
estação de pesquisa lunar. Eles incluem Rússia, Venezuela e África do Sul,
segundo a mídia estatal chinesa.
A China não está sozinha na
elevação do seu programa espacial e das ambições lunares, uma vez que vários países
olham para o potencial benefício científico, o prestígio nacional e o acesso
aos recursos e à exploração adicional do espaço profundo que as missões
lunares bem sucedidas podem trazer.
No mês passado, a Índia pousou
a sua nave espacial Chandrayaan-3 na lua, tornando-se apenas a quarta nação a
realizar o feito, com o seu pouso lunar chegando mais perto do polo sul da lua
do que qualquer outra nave espacial na história.
Nessa mesma semana, a primeira
missão lunar da Rússia em décadas terminou em fracasso, com a sua nave espacial
Luna 25 colidindo com a superfície lunar.
Os Estados Unidos também
impulsionaram o seu programa lunar – lançando o primeiro voo de teste em 2022
pelo programa Artemis, que visa levar os astronautas norte-americanos à lua em
2025 e construir lá um acampamento base científico, com a Nasa também de olho
no polo sul lunar.
Assim como a China, os EUA
também têm reunido parceiros internacionais, com mais de duas dezenas de países
assinando as normas dos Acordos Artemis para a “exploração pacífica do espaço
profundo”. A China não está entre os atuais signatários.
Próximas missões lunares da
China
A missão Chang’e-6 de Pequim
no próximo ano aprofundará a compreensão do lado oculto da lua, coletando
amostras após 10 missões anteriores ao lado mais próximo voltado para a Terra,
disse a CSNA em nota na sexta-feira, coincidindo com o Festival do Meio Outono
– um feriado nacional chinês associado à lua.
“Essas amostras permitirão que
os cientistas avancem em seus estudos sobre o outro lado… (e) analisem a
composição das amostras para ampliar o conhecimento sobre a lua”, disse Hu Hao,
um funcionário do alto escalão que trabalha na missão Chang’e-6, à mídia
estatal chinesa na semana passada.
A espaçonave está programada
para pousar na Bacia Aitken do polo sul do outro lado e coletar amostras de
poeira e rocha lá, disse Hu, referindo-se a um importante relevo lunar de alto
interesse científico.
O lado oculto da lua, que não
pode ser visto da Terra, está coberto de crateras, mas, ao contrário do lado
próximo, não é dominado por grandes mares lunares, ou marcas mais escuras de
antigos fluxos de lava – uma diferença que confunde os cientistas.
A espaçonave Chang’e-6 também
transportará cargas úteis e satélites de quatro parceiros internacionais, de
acordo com a CNSA.
Isso inclui um instrumento de
fabricação francesa para detectar gás radônio, um detector de íons negativos da
Agência Espacial Europeia, um refletor de canto a laser italiano para calibrar
sistemas de radar e o CubeSat do Paquistão, um satélite em miniatura de formato
quadrado, disse.
Espera-se que a missão seja
seguida pela Chang’e-7 em 2026, que visa procurar recursos lunares no polo sul
da lua, e pela Chang’e-8 dois anos depois, que poderá estudar como utilizar
materiais lunares, disseram as autoridades.
A China lançou cinco sondas
robóticas desde 2007. A sua última missão, Chang’e-5, pousou na lua em dezembro
de 2020 e regressou com amostras de rochas e solo lunares.
CNN
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