Em 2018, pesquisadores brasileiros capturaram um espécime do morcego Histiotus alienus, uma criatura documentada pela primeira vez na história em 1916 por um naturalista inglês que viajava pelo sul do Brasil. Desde sua primeira aparição, o pequeno morcego nunca mais havia sido observado por outros especialistas.
Após cinco anos de estudos e
comparações, os cientistas finalmente concluíram que a espécie de morcego
"brasileiro" realmente havia sido redescoberto. Os biólogos
envolvidos na pesquisa consideraram o trabalho fundamental para conhecer a
biodiversidade brasileira, sobretudo de biomas ameaçados como a Mata
Atlântica.
Ao longo de sua carreira, o zoólogo inglês Michael Rogers Oldfield Thomas descreveu mais de 2 mil espécies diferentes de animais. Em 1916, enquanto estava em uma excursão em Joinville, em Santa Catarina, Thomas fez a captura de um pequeno morcego com cerca de 12 centímetros de comprimento. Então, a criatura recebeu o nome científico de Histiotus alienus.
Porém, 102 anos se passaram
depois disso e a espécie nunca mais havia sido vista. Isso só foi mudar em
2018, quando um grupo de pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do
Paraná (2017), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) lançou um edital propondo utilizar o dinheiro
arrecadado em multas ambientais para financiar pesquisas sobre áreas de
conservação brasileiras de pouco conhecimento científico.
Nesse tipo de pesquisa,
especialistas armam redes e outros sistemas de captura de animais para tentar
estudar as espécies mais de perto. Em um desses trabalhos, o biólogo Vinícius
Cardoso Cláudio, da Fiocruz Mata Atlântica, logo identificou um morcego que
pertencia ao gênero Histiotus —
o qual abrange 11 espécies diferentes. Análises aprofundadas, então,
constataram que o pequeno morcego realmente se tratava do lendário Histiotus alienus.
Um dos fatos que mais chamou a
atenção dos pesquisadores a respeito do trabalho recente é a diferente
localização onde o Histiotus alienus foi
encontrado pela segunda vez. Se em 1916 ele apareceu em Joinville, em 2018 a
criatura foi encontrada em Palmas, no Paraná. "Se traçarmos uma linha
reta, Joinville e Palmas não são distantes. Mas, do ponto de vista de ambiente
e ecossistema, falamos de lugares bem distintos", disse a bióloga Liliani
Marilia Tiepolo, da UFPR, em entrevista à BBC.
Enquanto Joinville é uma
cidade mais próxima da costa, com cobertura florestal de Mata Atlântica, Palmas
está a mais de mil metros de altitude e tem outro tipo de formação florestal,
como as matas de araucárias. Esse pode ser um sinal positivo para a espécie,
sendo um indicativo de que esses morcegos conseguem se adaptar bem em
diferentes situações.
Inclusive, essa é uma
informação que gerou esperança nos pesquisadores, uma vez que essa espécie está
criticamente ameaçada de extinção. Segundo os especialistas, as incursões
realizadas em Palmas a partir de 2017 renderam muitos dados relevantes que
agora devem ser organizados e utilizados para ajudar na conservação desses
animais.
Mega Curioso
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