O Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre surpreendeu economistas ao indicar crescimento de 1,4% na comparação com os três meses anteriores. Analistas previam expansão de 0,9%.
No lado da demanda, o consumo das famílias reduziu o ritmo e cresceu 1,3% (estava em 2,5% no trimestre anterior). Também chama atenção o crescimento de 2,1% do investimento na economia em máquinas, equipamentos e novos projetos.
Para analistas ouvidos pela CNN, o resultado deve gerar revisões para cima do crescimento da economia neste ano, ao mesmo tempo que aumenta a pressão sobre a política monetária para controlar a inflação.
“Considerando nossas projeções para os próximos trimestres, que estão em revisão, estimamos um crescimento de 2,7% para o ano. Algo próximo de 3%, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a falar. De forma nenhuma é uma utopia, é um numero extremamente factível”, comenta Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners.
Em seu relatório de análise, o Inter chama a atenção para o crescimento impulsionado pela forte expansão fiscal.
No período, pelo lado da demanda, a instituição destaca o consumo das famílias, que manteve crescimento robusto de 1,3%, impulsionado pelos gastos públicos, concentrados no 1º semestre do ano, via transferência de renda com a aceleração do crescimento da previdência e programas sociais.
A leitura do Inter é de que tal dinâmica não é sustentável considerando a limitação pelo lado da oferta e ainda baixa taxa de investimento da economia.
O alerta fica para possíveis pressões inflacionárias, resultando em novo ciclo de aperto monetário pelo Banco Central. “E o resultado para os próximos anos pode ser uma nova queda da taxa de crescimento da economia”, conclui a nota.
A instituição revisou a expectativa de crescimento para este ano de 2,5% para 2,9%.
O próprio Ministério da Fazenda antecipou, em nota, que deve rever para cima a expansão econômica para 2024. “A projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 2,5%, deverá ser revisada para cima, tornando-se mais próxima do crescimento observado em 2023”, informou a pasta.
A MB Associados lembra ainda outro fator de pressão inflacionária. Além do destaque em consumo das famílias e o investimento, para a consultoria, a bandeira vermelha definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve impactar nos dados do IPCA, que já chega a 4,5% este ano, considerando que a bandeira permaneça nesse patamar até o final do ano.
“Considerando que a bandeira permaneça nesse patamar até o final do ano. Se adicionarmos a pressão de demanda que vem acelerando, o BC não terá alternativa a não ser subir os juros em setembro. A chance maior era de 0,25, mas a possibilidade de alta de 0,5 aumentou e deve se consolidar”, avalia a MB.
O ponto de atenção fica mais uma vez com a política fiscal e o motor do crescimento visto no segundo trimestre. A MB reitera que a fonte do avanço do PIB está relacionada à expansão fiscal, que tem ajudado no crescimento do varejo do Nordeste, por exemplo, região fortemente dependente da politica fiscal.
“Isso coloca em dúvida a sustentabilidade desse crescimento, que nos remete ao segundo mandato de Lula e ao governo Dilma, em que a mentalidade era de expandir o gasto público para estimular o crescimento. […] Com isso, corre-se o risco de chegarmos em 2026, ano eleitoral, com a economia desajustada pelos exageros cometidos nos primeiros anos de mandato”.
CNN Brasil
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