A crise de rinite alérgica e a gripe são doenças que podem ser facilmente confundidas pela proximidade dos sintomas que afetam o sistema respiratório. Dados apresentados pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) apontam que cerca de 30% dos brasileiros possuem rinite e, durante períodos de fortes mudanças de temperaturas, se assemelham a uma contaminação do vírus influenza. Para evitar o tratamento errôneo, é preciso uma maior atenção na diferenciação dos sinais apresentados.
Ana Carolina Fernandes, médica
otorrinolaringologista (Huol/UFRN/Ebserh), esclarece que o principal fator que
vai definir um diagnóstico entre a crise de rinite e a gripe é a evolução dos
sintomas: o que foi que começou e como começaram os sintomas. “Normalmente a
rinite vem de exposição de fatores irritativos da mucosa nasal, que é o caso da
fumaça, poeira, ácaro, fungo e exposição à pêlos, enquanto a síndrome gripal
tem um fator causador que é o vírus”, afirma.
Nos casos recorrentes de confirmação de gripe, são comuns sintomas de produção de secreção nasal significativa, pouco espirro, obstrução nasal, e às vezes tosse, dor de cabeça, febre e dor na região da face. Já na rinite, quatro fatores principais precisam estar acontecendo ao mesmo tempo: coriza, obstrução nasal, coceira e espirros.
No cenário de um adulto sadio,
o quadro clínico da gripe pode variar de intensidade, enquanto em crianças ou
idosos existe uma ampla chance dele ser potencializado. Nesses casos, o
Ministério da Saúde mostra que as temperaturas quase sempre apresentam níveis
febris maiores, sendo comum ainda o achado de aumento de linfonodos cervicais.
De acordo com os boletins
epidemiológicos compilados pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS),
em 2024, até 29 de fevereiro, 17,66% dos casos de vírus respiratórios atendidos
na capital foram diagnosticados com influenza A, do tipo não subtipado. Já na
última atualização até 30 de junho, os números aumentaram para 41,99%.
Na avaliação de Ana Carolina
Fernandes, um dos maiores riscos associados ao vírus da influenza está nas
potenciais complicações que podem alcançar principalmente indivíduos com
doenças crônicas, idosos e crianças menores de dois anos. “Pneumonias, bronquites,
bronquiolite também são de origem viral e normalmente vão acontecer quando o
paciente está com essas regiões do trato respiratório inferior mais
sensibilizada, assim com um funcionamento inadequado do sistema imunológico.”,
explica.
Diante das semelhanças entre a
rinite e a gripe, e do amplo acesso à informação através dos sites de pesquisa,
a otorrinolaringologista aconselha a rápida busca pelo atendimento médico,
medidas caseiras, como a alimentação saudável, lavagem nasal, ingestão de
líquidos e ter uma boa noite de sono, além da suspensão de qualquer
automedicação.
“É bem comum, dentro da
população brasileira, começar a apresentar sintomas nasais e imediatamente
fazer uso de alguma medicação, como um corticóide ou um anti-inflamatório. Isso
tem seus perigos associados, principalmente o risco de infecção e o risco de
desenvolvimento de alergias a esses medicamentos”, esclarece.
Cenário da vacinação
Uma das formas mais eficazes na proteção contra o vírus da gripe é a vacinação.
Anualmente, o Ministério da Saúde realiza a Campanha Nacional de Vacinação com
o imunobiológico atualizado que protege contra os três subtipos da influenza
que mais circulam no Hemisfério Sul.
Dados disponibilizados através
do painel na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), mostram que até 15 de
setembro, o Rio Grande do Norte acumulou a aplicação de 837.425 doses da vacina
contra a influenza dos 1.347.519 que compõem a população alvo, totalizando uma
cobertura vacinal de 53,37%. O número está acima da média nacional, que
apresenta 50,87%.
A médica
otorrinolaringologista (Huol/UFRN/Ebserh), Ana Carolina Fernandes, defende que
a imunização contra a gripe é essencial para o controle dos números de casos.
“A melhor forma de prevenir as formas graves da influenza é fazendo o uso da
vacina e deixando o cartão de vacinação atualizado”, conclui.
A campanha de vacinação contra
a influenza abrange grupos prioritários de gestantes, puérperas, crianças,
idosos, pessoas com comorbidades clínicas e povos indígenas vivendo fora de
terras indígenas, disponível em toda a rede primária de atenção à saúde. Hoje,
as crianças apresentam o maior número de doses aplicadas diante da
população-alvo, com 68,35% de cobertura. O número é seguido por 64,45% entre
gestantes, 46,52% entre idosos e 29,17% entre puérperas.
Tribuna do Norte
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