A Gargalheira, que abastece Currais Novos e Acari, está com 7,26% da sua capacidade, volume que deve esgotar até outubro.
Foto: Canindé Soares/ 7 de agosto de 2014
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O Rio Grande do Norte deve
chegar nos primeiros meses de 2015 com 22 reservatórios de água colapsados. A
informação é da Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Semarh) com base em simulação de perda de água dos reservatórios. Dos 46 reservatórios monitorados pela Semarh, 12
já estão em colapso, e mais 10 devem chegar a este status até fevereiro de 2015. Diante do
cenário será renovado o decreto de calamidade pública para o RN.
É considerado um colapso
quando o reservatório chega ao “volume morto”. Quando o volume da barragem fica
abaixo das tomadas de água, inviável para captação via adutora. A simulação,
feita pela Semarh, se baseia na vazão de água retirada dos reservatórios e a
evaporação deles. Não considera eventuais chuvas. O que é difícil de ocorrer,
pelo menos nestes próximos três meses – setembro, outubro e novembro -, de
acordo com o meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot.
Ainda nesse ano chegam ao
limite de sua capacidade mínima quatro reservatórios - dois até o mês de
outubro, e outros dois dezembro. Um deles é o Marechal Dutra, chamado de
Gargalheiras, que abastece os municípios de Currais Novos e Acari. Atualmente o
reservatório está com 7,26% da sua capacidade. A capacidade máxima é de
44.421.480 m³, e o volume atual 3.225.142 m³. Para colaborar no abastecimento
está sendo utilizado o reservatório de Dourado, de Currais Novos, já em volume
morto – com 5,49% da capacidade.
Neste cenário, a previsão é de
garantia do abastecimento de água para estas duas cidades até dezembro deste
ano. A solução viável seria uma adutora de engate rápido, captando água no
reservatório Armando Ribeiro, em Açu. O projeto de R$ 35 milhões, prevendo 80
km de adutora, com execução em nove meses, está no Ministério da Integração
Nacional com pedido de recurso. Segundo José Eduardo, coordenador estadual do
Departamento Nacional de Combate a Seca (DNOCS), não há previsão de data para
resposta do Ministério.
Segundo o prefeito de Acari,
Isaías Cabral, nunca houve em sua geração uma situação tão grave na cidade. Ele
reclama, principalmente, da “morosidade” das providências. “Infelizmente, se
não chegar inverno, vamos ficar sem água. Carros-pipa é uma opção, mas um
sacrifício grande. De onde vai vir a água?”, questiona.
A grave situação atinge,
majoritariamente, as regiões do Seridó e Alto Oeste. Cinco cidades estão hoje
em colapso de abastecimento, e 111 municípios abastecidos por carros-pipa do
Exército. Outra cidade à iminência do colapso é Pau dos Ferros. O açude que
abastece o município já está em 6,83% de sua capacidade, e deve suportar
abastecimento até janeiro de 2015. A adutora de engate rápido para o município,
prometida para julho passado, deve começar os testes amanhã, segundo o
secretário adjunto da Semarh, Luciano Cavalcanti.
O cenário é o resultado de
três anos seguidos de estiagem, e apesar de ocorrido algumas chuvas neste ano,
não foram suficientes para a recarga dos reservatórios. De acordo com Gilmar
Bistrot, as chuvas ficaram 35% abaixo da normalidade – considerando um inverno
normal de 700 mm. Questionado qual seria a medida com o colapso dos
reservatórios, o secretario da Semarh, Luciano Cavalcanti disse que “na hora
que o sistema entra em colapso a solução é abastecer com carros-pipa ou adutora
de engate rápido”.
Fonte: Daísa Alves e Valdir Julião, repórteres da Tribuna do Norte
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