Uma auditoria da
Controladoria-geral da União (CGU) nos benefícios do programa social Bolsa
Família revelou fraude em quase 350 mil cadastros.
Segundo o relatório da CGU, o
governo pagou indevidamente R$ 1,4 bilhão a pessoas que não tinham direito ao
benefício. A CGU afirma que quem recebeu o dinheiro indevidamente está sendo
localizado.
“Não é aquele indivíduo que
aumentou a renda, conseguiu emprego, melhorou que a gente vai atrás. O que nos
preocupa é aquele caso da pessoa que já entrou errada, tem um padrão de vida
excelente, que está fraudando o programa de fato”, afirma Antônio Carlos
Leonel, secretário federal de controle interno da CGU.
De acordo com o ministério do
Desenvolvimento Social, o programa beneficiou, em dezembro de 2017, mais de 13
milhões de famílias, que receberam benefícios com valor médio de R$ 179. O
valor total transferido pelo governo federal às famílias foi de R$ 2,4 milhões em
dezembro.
Segudo a auditoria da CGU,
famílias com casa própria e carro de luxo foram identificadas no cadastro, além
de funcionários públicos. O levantamento foi feito entre 2016 e 2017.
O Bolsa Família foi criado em
2003 para atender famílias em condições de extrema pobreza.
Tem direito ao benefício a
família que tem renda de R$ 170 por pessoa. Algumas famílias apontadas na
fiscalização da CGU tinham renda de mais de R$ 1.900 por pessoa.
Na cidade de Piancó, no sertão
da Paraíba, quase 54% dos moradores tinham cobertura do Bolsa Família. Depois
do pente-fino, quase metade perdeu o benefício. A cidade tinha servidores da
prefeitura e da câmara de vereadores cadastrados no programa.
Benefícios cancelados
O ministério do
Desenvolvimento Social disse que recebeu agora as informações da CGU e que vai
conferir com a checagem que já estava fazendo. O ministério disse, ainda, que
está corrigindo falhas e que os cadastros passaram a ser revistos todos mês.
O governo disse que de outubro
de 2016 até a semana passada, cancelou 4,7 milhões de pagamentos. Disse também
que já começou a cobrar os casos mais absurdos identificados pelo próprio
ministério – são três mil e 200 famílias.
“Nós já temos cartas enviadas
para as famílias. E até este momento, espontaneamente, 23 famílias devolveram.
Ainda é um universo muito pequeno, mas eu acredito que, no andamento desse
processo, nós obteremos a devolução dos R$ 12 milhões que foram recebidos
indevidamente por essas famílias”, afirmou Alberto Beltrame,
secretário-executivo do MDS.
G1
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