O Brasil não adotará mais o
horário de verão a partir deste ano. O presidente Jair Bolsonaro assinou hoje
(25) decreto que extingue a medida, em cerimônia no Palário do Planalto. A
decisão foi baseada em recomendação do Ministério de Minas e Energia, que
apontou pouca efetividade na economia energética, e estudos da área da saúde,
sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.
“As conclusões foram coincidentes.
O horário de pico hoje é às 15 horas e [o horário de verão] não economizava
mais energia. Na saúde, mesmo sendo só uma hora, mexia com o relógio biológico
das pessoas”, disse, ressaltando que não deve haver queda na produtividade dos
trabalhadores nesse período.
A medida já havia sido
anunciada pelo presidente no dia 5 de maio.
De acordo com o secretário de
Energia Elétrica do MME, Ricardo Cyrino, a economia de energia com o horário de
verão diminuiu nos últimos anos e, neste ano, estaria perto da neutralidade.
“Na ótica do setor elétrico, deixamos de ter o benefício”, disse.
Cyrino afirmou que o horário
de verão foi criado com o objetivo de aliviar o pico de consumo, que era em
torno das 18 horas, e trazer economia de energia na medida em que a iluminação
solar era aproveitada por mais tempo. “Com a evolução da tecnologia, iluminação
mais eficiente, entrada de ar-condicionado – que deslocou o pico de consumo
para as 15 horas – e também a substituição de chuveiros elétricos [por
aquecimento solar, por exemplo], que coincidia com a iluminação pública às 18
horas, deixamos de ter a economia de energia que havia no passado e o benefício
do alívio no horário de ponta, às 18 horas”, explicou.
O horário de verão foi criado
em 1931 e aplicado no país em anos irregulares até 1968, quando foi revogado. A
partir de 1985, foi novamente instituído e vinha sendo aplicado todos os anos,
sem interrupção. Normalmente, o horário de verão começava entre os meses de
outubro e novembro e ia até fevereiro do ano subsequente, quando os relógios
deveriam ser adiantados em uma hora em parte do território nacional.
O secretário afirmou ainda que
nos últimos 87 anos de instituição do horário de verão, por 43 anos o país
ficou sem adotar a medida e que ela pode ser instituída novamente no futuro.
“Tivemos muitas alternâncias. Vamos continuar fazendo avaliações anuais e nada
impede que, no futuro, caso venha a ser conveniente na ótica do setor elétrico,
vamos sugerir novamente a introdução do horário de verão. Por hora, ele não faz
mais sentido.”
Novos decretos
Participaram da cerimônia, no
Palácio do Planalto, parlamentares que apresentaram projetos no Congresso para
extinguir o horário de verão. Bolsonaro se colocou à disposição para avaliar
outras proposições que possam ser colocadas em prática via decreto
presidencial.
“Sabemos da dificuldade do
parlamentar para aprovar uma lei ao longo de uma legislatura. Muito difícil.
Agora, um decreto tem um poder enorme, como esse assinado agora. A todos os
senhores, o governo está aberto a quem tiver qualquer contribuição. Em havendo
o devido amparo jurídico, apresentaremos um novo decreto”, afirmou.
Agência Brasil
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