O planeta vermelho desperta a
curiosidade de cientistas do mundo todo não só pela proximidade com a Terra,
mas também pela possibilidade de haver vida em Marte. No Brasil, um projeto no
Rio Grande do Norte estuda como (e se) o ser humano poderá viver em outro
planeta.
Com o nome Habitat Marte e liderado
por Julio Rezende, professor de Engenharia de Produção da UFRN (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte), o programa criou em 2017 a primeira estação de
pesquisa sobre Marte da América do Sul, em Caiçara do Rio do Vento, pequena
cidade na região do semiárido do RN com 3.500 habitantes.
O espaço, com 60 metros
quadrados, tem como objetivo incentivar a pesquisa sobre o planeta vizinho e
também traçar um paralelo entre o solo de Marte e o semi-árido brasileiro —
para melhorar a vida de quem vive em regiões secas do país.
De acordo com o pesquisador, a
ideia surgiu após ele ser chamado para comandar uma missão do Mars Desert
Research Station (Estação de Pesquisa do Deserto de Marte), no deserto de Utah
(EUA), em 2017. Com a experiência de “simular a vida fora da Terra”, ele
decidiu reproduzir o estudo no Rio Grande do Norte.
O desafio do projeto no
Brasil, segundo o cientista, é criar um modelo de economia circular, em que os
“astronautas” produzem a própria energia e o próprio alimento e reciclam
resíduos e água.
“Construímos uma estufa de
aquaponia, onde criamos peixes e produzimos alimentos. Eles serão consumidos
nas próprias missões, quando os astronautas estiverem confinados”, diz Rezende,
reforçando que a ideia também poderia ser implantada em Marte.
Cada missão ocorre durante
dois dias, geralmente nos finais de semana. Desde 2017, 11 missões já foram
realizadas — todas financiadas com recursos próprios dos pesquisadores.
“Estamos buscando apoio financeiro para ampliar o período de experiência e,
desta forma, mais resultados”, diz o professor da UFRN.
Missão espacial
Durante a expedição, os
“astronautas” coletam amostras de solo e minério, realizam observações
astronômicas, desenvolvem projetos de vida fora da Terra, avaliam trajes e
refeições espaciais, entre outras atividades.
Os resultados são utilizados
em pesquisas acadêmicas e implantados por empresas. Em março, por exemplo,
alguns dos dados coletados por eles foram usados na estação espacial israelense
D-Mars.
Em outubro, Rezende vai
apresentar o Habitat Marte em evento na Universidade do Sul da Califórnia, em Los
Angeles (EUA). Além disso, o cientista afirma que está em conversa com a
Agência Espacial Brasileira e vai contatar a Agência Espacial Norte-Americana
(Nasa) e a Agência Espacial Europeia (ESA) ainda este ano para demonstrar o
trabalho de sua equipe.
Para compartilhar o trabalho
com os jovens, o pesquisador também apresenta a estação a estudantes de escolas
públicas de Caiçara do Rio do Vento e de cidades vizinhas. “Queremos mostrar
que a ciência não é uma coisa distante nem difícil. O que falta é intimidade
com ela.”
Época
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