
Mais especificamente, o
Projeto de Lei do Senado 473/2017 (pdf) pretende punir quem "divulgar
notícia que sabe ser falsa e que possa distorcer, alterar ou corromper a
verdade sobre informações relacionadas à saúde, à segurança pública, à economia
nacional, ao processo eleitoral ou que afetem interesse público
relevante". A pena é de seis meses a dois anos de reclusão, mais multa.
No entanto, se essa divulgação
for feita "valendo-se da internet ou de outro meio que facilite a divulgação
da notícia falsa", a pena sobe para um a três anos de reclusão. No caso da
notícia falsa ser divulgada "visando a obtenção de vantagem para si ou
para outrem", a pena ainda pode ser aumentada em até dois terços,
totalizando um máximo de cinco anos de cadeia.
Problema
Segundo Nogueira, já existem
leis semelhantes capazes de punir casos de compartilhamento de notícias falsas
"quando a vítima pode ser identificada". Nesses casos, "a
divulgação de fake news, via de regra, configura crime contra a honra (calúnia,
injúria ou difamação)". Mas há ainda casos em que "o direito difuso
da população receber notícias verdadeiras e não corrompidas é atingido"; é
para esses casos, ainda não previstos em lei, que o projeto se volta.
O projeto, no entanto, não
deixa claro se o principal alvo da lei seriam os sites e veículos que
produzissem notícias falsas ou as pessoas (ou bots) que eventualmente as
compartilhassem. Também não fica claro se uma pessoa que compartilhasse
notícias falsas poderia ser punida ainda que não se pudesse provar que ela
sabia que a notícia não era falsa.
Embora o compartilhamento de
notícias falsas seja capaz de causar mortes, e seja também um problema sério no
cenário político brasileiro, a proposta de lei ainda apresenta um risco: é
possível que a lei venha a ser usada como instrumento de censura para impedir a
veiculação de notícias que, mesmo sendo verdadeiras, causem constrangimento a
autoridades.
O Olhar Digital encaminhou
essas dúvidas à assessoria do senador Ciro Nogueira, autor do projeto. A
assessoria de imprensa no senador informou que ele estava em recesso e, por
isso, não poderia responder imediatamente. A nota será atualizada com as
respostas do senador assim que elas chegarem.
Olhar Digital UOL
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