A seca sempre foi um problema. Não é para menos que é considerada uma das catástrofes naturais mais destrutivas em termos de perda de vida, causando a destruição de safras em larga escala, incêndios florestais e estresse hídrico.
O fenômeno ocorre quando uma
área tem escassez de abastecimento de água devido à falta de chuvas, de águas
superficiais ou subterrâneas, podendo durar semanas, meses ou anos. Essa é a
odisseia do Nordeste brasileiro, por exemplo, cujas raízes de destruição
remontam à época da colonização. Em 1877, a seca matou cerca de 500 mil
pessoas, o equivalente a 5% da população da época, em dois anos de estiagem
agressiva.
Em 1915, o Brasil voltou a testemunhar seca extrema, e em 1930, os Estados Unidos padeceram com o Dust Bowl. Para muitos, essa primeira metade do século XX é considerada o início da seca como problema pelo mundo, que tem se agravado devido à degradação da terra e as mudanças climáticas, aumentando em frequência e gravidade.
É possível que até 2040, a
seca possa afetar cerca de três quartos da população mundial, o que significa
que a produção agrícola terá que aumentar em 60% para atendar à demanda global
de alimentos em 2050. Ou seja, cerca de 71% da área irrigada do mundo e 47% das
principais cidades sofrerão pelo menos escassez periódica de água, conforme
observou a Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD).
Pelo visto, o que está
acontecendo na França é apenas o início. O país viveu o inverno mais seco desde
1959. A severidade da seca fez algumas autoridades proibirem novos projetos de
construção de casas pelos próximos quatro anos para poupar a drenagem dos
recursos hídricos que esses projetos causariam.
Esse problema está se
espalhando por várias partes da Europa, como Reino Unido, Suíça, Irlanda,
Alemanha e algumas regiões da Itália. A temperatura, que atingiu níveis
recordes no ano passado durante o verão, impediu que vários aquíferos e
reservatórios de superfície tivessem chance de se recuperar. Agora essa
escassez ameaça de maneira ainda mais extrema a vida de milhares de pessoas,
bem como a indústria e a biodiversidade em grande escala.
Segundo o Observatório Europeu
da Seca, que rastreia indicadores de estiagem em todo o continente, o que
diferencia essa seca das demais é que vastas regiões estão muito mais secas do
que deveriam considerando o fluxo do fenômeno.
Os reservatórios na França e
no norte da Itália estão cerca de 40% a 50% abaixo do nível que deveriam, sendo
que o rio mais longo da Itália, o Pó, está 60% abaixo de seus níveis normais. O
glaciologista Daniel Farinotti, que examina o derretimento das geleiras nos
Alpes Suíços, observou que há cerca de metade da neve habitual nos Alpes nesta
época do ano. E se as geleiras continuarem a derreter nesse ritmo, não haverá
mais gelo até o final do século, acarretando consequências fatais.
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