Em um de seus principais hits,
Hips Don't Lie, a colombiana Shakira canta que "en Barranquilla se baila
así". A cidade fica a 3,6 mil km de Cuiabá, no Pantanal brasileiro, mas a
seleção colombiana nem pareceu perceber: 'bailou' pelo terceiro jogo seguido e
avançou para as oitavas de final na liderança do Grupo C da Copa do Mundo:
goleada de 4 a 1 sobre o Japão, novamente com dancinhas nas comemorações.
Mais do que a Colômbia, quem
pode comemorar é todo o continente sul-americano: uma seleção local já está
garantida nas semifinais do Mundial, já que os colombianos encaram o Uruguai e
o Chile pega o Brasil - os vencedores de cada jogo duelam nas quartas. Alegria
de Armero, que dançou de novo ao seu estilo; alegria de Shakira, de novo dando
força no Twitter; alegria de todos os colombianos que 'pintaram' a Arena
Pantanal de amarelo.
Fases do jogo: O Japão partiu
para o ataque, como não havia feito contra Grécia e Costa do Marfim, desde o
começo. Com a Colômbia poupando oito titulares das vitórias anteriores (Zuniga,
Zapata, Yepes, Sánchez, Aguilar, James Rodriguez, Ibarbo e Gutiérrez) e já
classificada, o caminho foi facilitado. Honda e Kagawa finalmente funcionaram
bem juntos e dominaram as ações, até que Konno quis estragar tudo: carrinho
inocente dentro da área, pênalti. Cuadrado abriu o placar. A partir daí, o
Japão atacou ainda mais na base do abafa, sem tática. Honda, no último minuto
da etapa, finalmente achou o caminho do gol: cruzamento baixo para Okazaki, que
de peixinho empatou.
Só que James Rodriguez entrou
no intervalo. E isso mudou o jogo. O meia mostrou porque é o principal nome de
uma geração que conseguiu levar seu país de volta a uma Copa após 16 anos
(claro, tirando Falcao Garcia) e fez a Colômbia atacar mais, como se precisasse
do resultado. E em 10 minutos já resolveu: marcado por três na área, só rolou
para um livre Jackson Martínez fazer o 2°. Com o Japão atacando no desespero,
coube ainda o 3° em contra-ataque, também com Jackson. E James ainda deixou o
seu, com lindo toque por cima do goleiro, já nos acréscimos. Goleada e mais um
show colombiano.
Os melhores: Cuadrado e James
Rodriguez - O primeiro fez o jogo que a Colômbia queria na primeira etapa:
controlou a bola no meio de campo, ditando o ritmo de sua seleção contra a
correria e pressão japonesas. Além disso, fez o seu, finalmente marcado após
três assistências nos dois jogos anteriores. Na segunda etapa, saiu, e James
Rodriguez entrou. O melhor colombiano na Copa até aqui precisou de 10 minutos
para achar Jackson Martínez sozinho na área para o segundo gol. Armador de
classe - e finalizador também, já que fez o seu no finalzinho em linda jogada
individual.
O pior: Konno - O Japão
precisava vencer para sonhar, e o que já era difícil ficou quase impossível
logo aos 16 minutos de jogo, quando o zagueiro deu um infantil carrinho na
área. Pênalti e gol. Depois, Konno e seus companheiros de defesa foram
envolvidos pelo ataque colombiano em contra-ataques, quando o Japão
"largou" a defesa para tentar o milagre.
Chave do jogo: O contra-ataque
colombiano foi mortal. A Colômbia mostrou que sabe se adaptar a necessidade do
jogo e a postura de seus rivais. Com o Japão atacando muito, não havia por que
jogar para a frente o tempo todo. Com a bola controlada no meio, foi só esperar
o Japão abrir espaço para anotar os gols que garantiram a liderança do grupo.
Toque dos técnicos: James
Rodriguez foi poupado de início por José Pekerman. Mas o comandante argentino
chamou o meia no intervalo e ele mudou o jogo. Com o Japão saindo desesperado
para tentar os gols da classificação, James tinha a bola quase sempre livre no
meio de campo. Com seus toques de classe, achou duas vezes Jackson Martínez
para os dois gols finais da Colômbia. E ainda fez o seu.
Para lembrar:
Mondragón bateu o recorde de
jogador mais velho a atuar na história das Copas. O goleiro, que jogou a Copa
de 1998 e esteve no banco colombiano em 1994, entrou aos 40 minutos do segundo
tempo em Cuiabá, e entrou para a história ao jogar aos 43 anos em um Mundial .O
recorde anterior era do camaronês Roger Milla, que jogou em 1994 com 42 anos.
Os dois duelos sul-americanos
das oitavas de final abrem a segunda fase no sábado. Às 13h, Brasil e Chile
jogam no Mineirão. às 17h, é a vez de Colômbia e Uruguai jogarem no Maracanã.
Os vencedores jogam pelas quartas de final na sexta-feira seguinte, 4 de julho,
no Castelão, em Fortaleza.
O colombiano Balanta
protagonizou lance engraçado no começo do segundo tempo. Ele errou chute,
enfiou a ponta da chuteira no gramado e caiu de rosto no chão. Mais do que
isso: acertou um rival japonês nas pernas, em uma espécia de"carrinho de
cabeça".
É a terceira vez que o Japão
cai na primeira fase de uma Copa. Em 1998, 2006 e em 2014 o time não conseguiu
passar da etapa de grupos. Em 2002, jogando em casa, foi até as oitavas, quando
caiu para a Turquia por 1 a 0. Em 2010, caiu na mesma fase para o Paraguai, nos
pênaltis.
JAPÃO X COLÔMBIA
Data: 24 de junho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Arena Pantanal, em
Cuiabá (MT)
Árbitro: Pedro Proença (POR)
Assistentes: Bertino Miranda
(POR) e José Trigo (POR)
Cartões amarelos: Konno, aos
15 min. do 1°t (JAP); Guarin, aos 17 min. do 2°t (COL)
Gols: Cuadrado, aos 16 min. do
1°t, Jackson Martínez, aos 10 min. e aos 36 min. do 2°t (COL); Okazaki, aos 46
min. do 1°t (JAP)
JAPÃO: Kawashima; Uchida,
Yoshida, Konno e Nagatomo; Hasebe, Aoyama (Yamaguchi, aos 16 min. do 2°t),
Okubo, Honda e Kagawa; Okazaki (Kakitani, ao 26 min. do 2°t)
Técnico: Alberto Zaccheroni
COLÔMBIA: Ospina (Mondragón, aos 40 min. do 2°t) ;
Arias, Balanta, Valdes e Armero; Cuadrado (Carbonero, no intervalo), Guarin,
Alex Mejía e Quintero (James Rodriguez, no intervalo); Jackson Martínez e
Adrián Ramos
Técnico: José Pekerman
Uol
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