Só duas seleções venceram o
Brasil em finais de Copa do Mundo: França e Uruguai. E nem todo fantasma
brasileiro foi exorcizado nessa Copa do Mundo. Nesta segunda-feira, outro vulto
azul, esse mais escuro que os já eliminados uruguaios, voltaram a rondar a
imaginação da maioria que vestia camisa amarela no Mané Garrincha. A torcida
até que apoiou a Nigéria, mas os Bleus confirmaram o favoritismo, venceram por
2 a 0 (gols de Pogba e Yobo, contra) e estão classificados para as quartas de
final. Aguardam o vencedor de Alemanha x Argélia para o jogo da próxima sexta-feira,
às 13h, no Maracanã. Caso cheguem até a semifinal, podem cruzar o caminho da
Seleção, que pega a Colômbia.
No currículo da fila
brasileira diante dos franceses, não há só título o título perdido em 1998.
Conta ainda com eliminações nas quartas de final de 1986 e 2006. Difícil de
engolir, assim como foi difícil para os franceses engolir o almoço às 8h, 9h,
quase que obrigados por conta do horário da partida. Além do almoço, superar o
sol de 13h em Brasília não é das tarefas mais fáceis. Mas até que a temperatura
deu uma trégua, assim como o futebol apresentado até a saída de Giroud. Benzema
acordou, o time acordou, o fantasma acordou diante dos 67.882 que estavam no estádio.
Primeiro tempo pouco produtivo
Existia uma preocupação sobre
como se comportariam os franceses debaixo do sol de 30º antes de a bola rolar.
Os nigerianos agiam com naturalidade, negando vantagem por estarem acostumados
com o calor. Haviam feito dois treinos em Brasília em horários perto do que
aconteceu o jogo, largando em vantagem. Mas a bola rolou, e a temperatura caiu
para 27º, o sol sumiu, o tempo mudou. O calor humano vinha das vozes dos
brasileiros.
Para cada um que gritava
“Allez les Bleus” (Vamos azuis!), 10, 20, 30, proporcionalmente, puxavam
“Nigéria”, “Nigéria”. Teve até “olé”. Os brasileiros, preocupados com o
possível adversário numa semifinal, têm motivo para se posicionarem contra: os
franceses ganharam uma final de Copa do Brasil, em 1998, e eliminaram a Seleção
em duas quartas de final (1986 e 2006).
Chegaram até a gritar gol, mas
Emenike estava impedido. Lance bem anulado. E vibraram quando Enyeama fez uma
excelente defesa no chute de Pogba, após tabela com o rápido Valbuena. Logo
depois do “uh” no chute novamente do camisa 9 africano, ficaram apreensivos
quando Giroud tocou mal de cabeça. O centroavante, aliás, apesar dos suspiros
arrancados seguidos de gritos das mulheres que admiravam sua beleza exibida no
telão, apresentou um futebol bem feio. Errou quase tudo que podia. Benzema,
tirando uma furada em impedimento, andava sumido.
Enyeama entrega o ouro
A França do futebol vistoso
das duas primeiras rodadas (3 a 0 e 5 a 2 contra Honduras e Suíça) mais parecia
com a improdutiva do empate sem gols com Equador. Sem brilho, pouco empolgante.
Acanhada a ponto de ficar com menos posse de bola por boa parte do tempo. A
Nigéria dedicava mais raça. Onazi era carrapato no meio de campo. Até sofrer a
segunda pancada e, dessa vez, ir à lona. Saiu de maca, direto para os
vestiários.
Enquanto Ruben Gabriel
levantava a mão pedindo para entrar e recompor o time, a França até tentou um
contra-ataque. Parou novamente na defesa. Donos do maior número de chutes de
certos na primeira fase, mal arriscavam. Benzema, abaixo apenas de Cristiano
Ronaldo tratando-se de finalizações, mudou a posição. Saiu da esquerda e foi
para o meio. Giroud, vaiado, deu lugar a Griezmann.
Ficar frente a frente com a
baliza era tudo o que Benzema precisava. Uma jogada individual, a tabela com
Griezmann e ele estava de volta ao jogo. Agora mais presente. A conclusão bateu
no goleiro Enyeama, carambolou no camisa 10 e quase cruzou a linha. Moses
chegou a tempo para salvar. Os Bleus acordaram. Pressionaram. Cabaye acertou o
travessão. Benzema quase fez de cabeça. Os gigantes chamaram o jogo para si.
Questão de tempo. Até Pogba aproveitar uma saída ruim de Enyeama e mandar de
cabeça para a rede. A Nigéria tentou uma pressão no finzinho, sem sucesso.
Pior: ainda levou o segundo, em cruzamento de Valbuena que Yobo mandou contra a
própria meta. O fantasma França segue na Copa do Mundo. Os brasileiros
presentes ao estádio tinham noção disso, e cantaram após o apito final:
"França, pode esperar, a sua hora vai chegar".
Globo esporte
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