Uma revista realizada nesta
quarta-feira (23) em uma das celas do Presídio Rogério Coutinho Madruga,
unidade conhecida como Pavilhão 5 de Alcaçuz, encontrou quatro aparelhos
celulares – entre eles o telefone que foi usado por um preso para filmar a
retirada do corpo de um detento esfaqueado na manhã da terça-feira (22). O
interno não resistiu aos ferimentos. Ao entregar os telefones, o preso assumiu
a autoria da gravação. Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), ele
vai responder sindicância administrativa pela posse e uso do telefone. Pelo
áudio da gravação, é possível ouvir gritos em comemoração pela morte do rival
(veja o vídeo acima). O Pavilhão 5 fica em Nísia Floresta, cidade da Grande
Natal.
O G1, que teve acesso
exclusivo ao vídeo, também recebeu pela internet o relato de um outro preso
contanto como foi a morte do detento. “O preso já tinha sido esfaqueado quando
o plantão chegou. O preso é esfaqueado com a boca lâmpada para não gritar. Só
retira o pano quando já está todo furado” (SIC), contou o preso.
Já as buscas pelo aparelho foi
determinada pelo secretário Cristiano Feitosa. Ele ordenou a revista assim que
o vídeo gravado pelo preso foi divulgado. “Quando recebi o vídeo mandei que
entrassem na cela e fizessem um pente fino”, disse o secretário. “O preso que
matou também já foi identificado e responderá por homicídio e também a uma
sindicância”, acrescentou Feitosa.
O preso morto na quadra do PV5
foi identificado como Francisco Canindé Souza da Silva, de 39 anos. Apelidado
de 'Júnior do Morro', ele cumpria pena por tráfico de drogas, homicídio e porte
ilegal de arma de fogo, segundo consta no site do Tribunal de Justiça do
Estado.
O vídeo
As imagens feitas pelo preso
foram gravadas a partir da portinhola de uma das celas. Enquanto o corpo é
retirado por dois internos que trabalham no presídio, é possível ouvir os detentos,
eufóricos, gritando o nome de uma facção criminosa que ocupa a unidade. Por
determinação da própria Sejuc, secretaria responsável pelo sistema prisional
potiguar, os presos foram separados por facção. “E é justamente uma delas, que
teve origem nas penitenciárias de São Paulo, que está presente no Pavilhão 5,
explicou o agente penitenciário Thiago Jefferson, diretor do presídio.
Ainda segundo o diretor, o
Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga possui atualmente 370 detentos. “A
capacidade é para 402, mas como só recebe presos que fazem parte desta facção,
não podemos colocar presos de outros grupos. Se isso acontecer, eles se matam”,
acrescentou.
Assassino identificado
Thiago Jefferson contou que um
preso assumiu o crime. “Ele contou que matou o desafeto porque ele teria traído
a facção. O Júnior do Morro faria parte dessa fação, mas quando estava solto
teria se envolvido com um grupo rival parta cometer assaltos. Quando os presos
descobriram, não gostaram e o pegaram para cobrar essa traição”, contou o
diretor.
O segundo foi Emerson Thiago
Rabelo, de 24 anos. Ele foi achado dependurado pelo pescoço no pavilhão A do
Presídio Provisório Raimundo Nonato, também chamado de Cadeia Pública de Natal.
Dinorá Simas, diretora da cadeia, acredita que o detento foi assassinado.
"Mas, só mesmo a perícia poderá confirmar o homicídio", ressaltou.
E o terceiro e mais recente
foi o caso de Júnior do Morro, morto a facadas dentro do Presídio Estadual
Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta.
Calamidade
O governo do Rio Grande do
Norte renovou por mais seis meses o decreto de calamidade no sistema prisional
potiguar.
A renovação, assinada pelo
governador Robinson Faria, foi publicada na edição do dia 17 de março do Diário
Oficial do Estado (DOE). O documento diz que a renovação tem por objetivo
"legitimar a adoção e execução de medidas emergenciais que se mostrarem
necessárias ao restabelecimento do seu normal funcionamento".
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