Não passam dois meses sem que
surja uma nova corrente no Facebook prometendo um sorteio de iPhones. O golpe é
sempre o mesmo. Uma página na rede social com o título “Apple” diz que vai
sortear um número X de aparelhos (a quantidade varia a cada vez que o golpe é
anunciado na rede social), porque a caixa está sem a película exterior, o que
inviabiliza que o produto seja comercializado.
Mentira.
Todas as vezes que uma página
anuncia este tipo de coisa, ela consegue rapidamente um número enorme de
curtidas e compartilhamentos, porque são essas as exigências do “sorteio”. As
pessoas caem nessa e curtem a página, compartilham o post, comentam, fazendo
com que a publicação tenha um nível de engajamento altíssimo, fazendo com que
seu alcance também seja enorme, atingindo cada vez mais pessoas inocentes.
Vamos ser bem claros aqui: a
Apple não tem presença no Facebook. A empresa não tem página oficial. Na
verdade, ela é bem avessa a redes sociais em geral, e apenas alguns serviços
seus, como o Apple Music, estão presentes no Facebook e no Twitter. A companhia,
como um todo, não tem representação, o que significa que a empresa nunca fará
um sorteio pelas mídias sociais.
Dito isso, também é
responsabilidade do usuário do Facebook não cair em um golpe tão óbvio. Basta
refletir um pouco para chegar à conclusão de que nenhuma empresa abriria mão de
dezenas (ou centenas) de milhares de reais por causa de uma película na embalagem
(supondo ser possível que um iPhone saia da fábrica sem a tal película). Na
última vez que vi o golpe circulando, ele prometia 22 iPhones 6, cujo menor
preço oficial é R$ 3,2 mil. São R$ 70 mil em produtos. Seria muito mais
lucrativo vender estes aparelhos como “recondicionados”, se realmente fosse
impossível aplicar a película depois que ele saiu de fábrica.
Mas o que as páginas falsas
ganham com isso?
Uma página com muitas curtidas
pode render dinheiro de várias formas, e algumas delas podem ser bastante
desonestas. Depois que a página alcançar um número grande de curtidores, o
administrador pode vendê-la, ou então ele mesmo pode usá-la para distribuição
de spam, o que pode colocar em risco a segurança de quem curte a página.
Também há a possibilidade de
que o administrador mude o nome da página depois de alcançar um número
satisfatório de likes. Tecnicamente, o Facebook não permite que as fanpages
sejam renomeadas depois de 200 curtidas, mas, pesquisando um pouco no Google,
eu encontrei alguns métodos que prometem burlar este bloqueio. Não deve ser um
processo impossível.
Então, de repente, aquela
página simpática da Apple que você curtiu na esperança de ganhar um iPhone pode
começar a cuspir vírus, distribuir conteúdo totalmente não-relacionado ou ser
renomeada para “Eu adoro matar gatinhos”, ou qualquer outra coisa horrível do
tipo. E você nunca lembra como essa página conseguiu o seu like.
Olhar Digital UOL
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