A Polícia Federal (PF) deve
cumprir até o meio-dia os 44 mandados de busca e apreensão e de condução
coercitiva autorizados pela Justiça Federal na 24ª fase da Operação Lava Jato,
deflagrada na manhã de hoje (4).
À medida que os mandados são
cumpridos vão surgindo as primeiras reações à inclusão do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como alvo da ação policial.
Mandados judiciais foram
cumpridos na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP), e na sede do
Instituto Lula, na capital paulista. Lula foi conduzido para prestar
depoimento. Segundo a polícia, Lula está prestando depoimento na sala da PF no
Aeroporto de Congonhas. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na
casa de Fernando Bittar, um dos donos de um sítio em Atibaia, no interior
paulista, frequentado pelo ex-presidente. A propriedade está registrada também
em nome de Jonas Suassuna.
Em nota divulgada há pouco
pelo Ministério do Trabalho e Previdência, o ministro Miguel Rossetto
declarou-se “perplexo e indignado” com a condução coercitiva do ex-presidente
Lula na manhã desta sexta-feira. “O presidente já prestou depoimento e sempre
se colocou à disposição das autoridades. Isso não é justiça, isso é uma
violência”. Rossetto disse ainda que a ação é “um claro ataque ao que Lula
representa como uma liderança política e social”.
PT
O PT reagiu inicialmente nas
redes sociais. No microblog Twitter, o partido lançou a hashtag
#LulaPresoPolítico. “Não podemos deixar barato. Precisamos todos reagir.
Agora!”, escreveu o partido em sua rede social, por volta das 8h30 de hoje.
Segundo a assessoria do
partido, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, não participou da
decisão de publicar a mobilização dos correligionários. Assim que a frase foi
divulgada, simpatizantes do ex-presidente e do partido começaram a compartilhar
a mensagem nas redes sociais. O que motivou mensagens de apoio à ação da
Justiça e de repúdio ao presidente.
Com a divulgação dos primeiros
relatos da movimentação dos policiais, populares começaram a se concentrar em
frente a casa de Lula, em São Bernardo do Campo, e nas proximidades do
Instituto Lula, na capital paulista. Simpatizantes e pessoas contrárias a Lula
chegaram a se enfrentar e tiveram que ser contidos pela polícia. Um outro grupo
de manifestantes se formou no Aeroporto de Congonhas.
Também em nota, o Instituto
Lula classificou a ação da PF como “violenta”, com o objetivo de provocar
“constrangimento público” ao ex-presidente.
MPF
Em nota, o Ministério Público
Federal (MPF) justificou o cumprimento dos mandados judiciais apontando a
necessidade de “aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras”. Segundo os procuradores
da força-tarefa que investiga o esquema, “pagamentos dissimulados foram feitos
por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e a pessoas associadas” ao petista.
“Há evidências de que o
ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da
destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da
entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por
transportadora”, afirmam os procuradores na nota, sustentando que, ao longo das
23 fases anteriores da Lava Jato, “avolumaram-se evidências muito consistentes
de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava empresas, que
enriqueciam às custas dos cofres da estatal; funcionários da Petrobras, que
vendiam favores; lavadores de dinheiro profissional que providenciavam a
entrega da propina; políticos e partidos políticos que proviam sustentação aos
funcionários da Petrobras e, em troca, recebiam a maior parte da propina, que
os enriquecia e financiava campanhas”.
São apurados pagamentos ao
ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato. A polícia apura
se os repasses foram realmente como doações e pagamento de palestras. A
operação desta sexta-feira envolve cerca de 200 policiais federais, 30
auditores da Receita Federal e policiais militares de três estados. A ação
acontece simultaneamente nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador (BA), São
Paulo, São Bernardo do Campo (SP), Guarujá (SP), Diadema (SP); Santo André
(SP); Manduri (SP) e Atibaia (SP).
A 24ª fase da Operação Lava
Jato recebeu o nome de Aletheia, em referência a uma expressão grega que
significa busca da verdade.
Agência Brasil
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