A construção de um muro sem
guaritas – que prejudicou a visão dos guardas que trabalham nas torres de vigilância
que já existiam no entorno da Penitenciária Estadual de Parnamirim – facilitou
a fuga de 91 presos na madrugada desta quinta-feira (25). Foi a maior debandada
da história do sistema prisional potiguar. Quem admite a falha é a própria
Secretaria de Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte, em entrevista à
Inter TV Cabugi.
"O muro atrapalhou, deu
vantagem para os internos e proteção visual. Depois de fazer o muro tinha que
reestruturar, fazer as guaritas externas, que não foram feitas. Os policiais
militares ainda estão nas guaritas internas, que perderam a funcionabilidade
devido ao muro que foi colocado", afirmou o titular da Sejuc.
O secretário reconhece que
falta de efetivo também prejudica a segurança do presídio. "Quatro agentes
pra tomar conta de 589 internos é humanamente impossível. Seriam necessários,
só no plantão, 15 agentes por turno pra fazer o serviço", informou. Ele
ressalta que este problema deve ser resolvido com o concurso público para
agentes penitenciários que está em andamento.
Segundo Luis Mauro, os presos
foram transferidos do pavilhão onde começa o túnel para instalação de grades. A
Sejuc também criou, junto com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e da
Defesa Social (Sesed), uma força-tarefa para recapturar os fugitivos. Até
agora, nove dos 91 foram recapturados.
Celas sem grades

A fuga
Segundo a Polícia Militar, a
debandada aconteceu por volta das 4h. Após a descoberta da fuga, a direção da
unidade pediu reforço para a segurança na área externa. Com a chegada de mais
policiais, houve buscas e oito fugitivos foram recapturados perambulando pela
região.
A PM também informou que pelo
menos dois carros e uma motocicleta foram vistos dando apoio ao resgate dos
presos. Os fugitivos também trocaram de roupa para dificultar a identificação.
No estado, o sistema penitenciário adotou camisa branca e bermuda azul como
uniforme padrão dos presos.
Segundo a Secretaria de
Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), todas as torres de vigilância no
entorno da penitenciária estavam ocupadas durante a fuga. Inclusive, a Sesed
acrescenta que foi um dos guariteiros quem percebeu a movimentação, fez
disparos de advertência e evitou que a debandada fosse maior.
Esta foi a segunda fuga
registrada na PEP este ano. A primeira foi no dia 7 de janeiro, quando 14
detentos escaparam. Na ocasião, um buraco também foi escavado no pé do muro. Um
policial militar que trabalhava em uma das guaritas da unidade, suspeito de ter
facilitado a fuga, foi afastado.
Sistema em calamidade
O sistema penitenciário
potiguar está em calamidade pública desde o dia 17 de março de 2015, após uma
onda de rebeliões que atingiu pelo menos 14 das 33 unidades prisionais do
estado. O decreto, renovado em março deste ano, tem validade por mais 180 dias.
G1RN
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