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O ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha e o presidente Michel Temer, em 2015 - ANDRE COELHO / Agência O
Globo
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A Polícia Federal enviou para
o Supremo Tribunal Federal (STF) diálogos entre os ex-presidentes da Câmara
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) que, segundo os
investigadores, tratam de negociação de propina. A conversa é de 2012, quando
ambos eram deputados, e cita Michel Temer, que era vice-presidente da
República. Para a PF, a propina negociada seria paga pelo dono da JBS, Joesley
Batista. Em um trecho, eles dão a entender que Temer ficaria incomodado se o
empresário retirasse parte da propina que seria destinada ao grupo dele.
Em 22 de agosto de 2012, por
mensagem de celular, Alves conta a Cunha o resultado de uma conversa com
"Joes" – que, para a PF, trata-se de Joesley Batista. Os dois falam
de "convites". Para os investigadores, seria um código para mencionar
o pagamento de propina. "Joes aqui. Saindo. Confirme dos 3 convites, 1 RN
2 SP! Disse a ele!", escreveu Alves. Cunha respondeu: "Ou seja ele
vai tirar o de São Paulo para dar a vc? Isso vai dar merda com o Michel. E ele
não estaria dando nada a mais".
A conversa cita três
"convites" de Joesley que seriam repassados aos peemedebistas. A
troca de mensagens estava no celular de Cunha apreendido pela PF. O relatório
foi concluído em dezembro de 2016 e estava sob sigilo, dentro das investigações
sobre Cunha na Lava-Jato. Somente agora o STF disponibilizou o material para
consulta pública. "A utilização do termo 'convites' pode ser uma tentativa
de mascarar uma atividade de remessa financeira ilegal, já que, caso fosse um
procedimento que obedecesse estritamente as normas legais, não haveria o porquê
do uso deste termo", diz o relatório da PF.
O documento reforça a suspeita
dos investigadores de que a propina estava sendo negociada para abastecer
campanhas eleitorais. Na delação premiada, Joesley disse que deu, via caixa
dois, R$ 3 milhões para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo
em 2012, a pedido de Temer.
O Globo
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