O governo Michel Temer teve a
terceira baixa de ministro em menos de um mês. O comandante do Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, deixou a pasta nesta
quarta-feira. Segundo fontes, ouvidas pelo GLOBO sob a condição de anonimato,
ele enviou uma carta ao presidente da República para solicitar o seu
afastamento do cargo por questões pessoais e partidárias. Prometeu, entretanto,
que ele e seu partido, o PRB, continuarão comprometidos com as reformas. Marcos
Pereira é um dos ministros investigados na Operação Lava-Jato.
“Senhor presidente, agradeço
imensamente a confiança e fico lisonjeado pelo convite para continuar no cargo
até 31 de dezembro, porém preciso deixar ministério para poder me dedicar a
questões pessoais e partidárias”, disse o ministro na carta enviada nesta manhã
ao presidente Temer. “Eu e meu partido, PRB, apoiamos as reformas e
continuaremos apoiando tudo aquilo que for bom para o país.
À tarde, o ministro publicou a
carta enviada ao presidente Michel Temer em sua página no Facebook. Nela, disse
que foi para o governo contra vontade de alguns conselheiros. Disse que a
opinião pública era de que um pastor não teria condições de exercer a função,
“mas avanço nesse 20 meses de trabalho incansável provaram que o problema do
Brasil não é a fé das pessoas públicas, que é de foro íntimo, mas a vontade de
cada um para servir realizar”.
Ele fez um apanhado dos seus
feitos à frente da pasta. Disse que reposicionou a imagem do Brasil no
exterior. Esteve em 15 países em todos os eventos econômicos relevantes.
Renovou o acordo bilateral automotivo com Argentina. Criou fórum permanente de
discussão com ministros de comércio exterior do Mercosul. E colocou para
funcionar o módulo de exportação do portal único do começo exterior. E ainda
teve 1.500 audiências com empresários.
“Não há emprego sem empresas
fortes, bem tratadas, que possam continuar gerando riquezas. Se o Estado não
atrapalhar, já ajuda. E o melhor programa social é o emprego”, disse o
ministro, que admite que não conseguiu fazer uma política industrial para o
setor automotivo.
“Assumimos o governo falido,
despedaçado, com todos os índices econômicos negativos e sem perspectiva de
melhora vista. Com coragem, enfrentamos os desafios que foram impostos e hoje
podemos observar um país que encontrou curso novamente, apesar das dificuldades
políticas”.
O pedido de demissão veio no
mesmo dia da divulgação dos dados da balança comercial. Os números foram
comemorados pelo ministro.
“A balança comercial bateu
dois recorde seguidos em 2016 e 2017 com saldos de US$ 47 bilhões e US$ 67
bilhões, respectivamente”, frisou. “ A indústria está retomando sua capacidade
instalada de produzir, gerando novos empregos e novos investimentos”.
O ministro ressaltou que não
fez grandes mudanças estruturais na pasta para acomodar aliados. Disse que
priorizou os “bravos servidores”.
LAVA-JATO
Marcos Pereira é investigado
na Operação Lava-Jato. O dono da JBS, Joesley Batista, disse em sua delação que
pagou R$ 6 milhões de propina ao pastor e ao seu partido. O acordo teria sido
intermediado por um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal em troca da
liberação de empréstimo no banco.
Num dos áudios entregues à
Procuradoria-Geral da República, incluídos na complementação da delação
premiada de Joesley, o empresário conversa com o vice-presidente corporativo da
Caixa, Antonio Carlos Ferreira, que seria um intermediário do ministro.
— E aquele outro movimento por
fora, com o Marcos? — pergunta Ferreira a Joesley, que responde: — Ah, então,
ele teve lá, eu fiz mais uma, mais outra. Eu sei, sei, não, eu sei, mas assim,
dos seis, faltam 1.800, acho. Eu fiz mais 500, 600, tá faltando, tá faltando
três. Com mais três resolve, tá?”
Três dias após a divulgação
desse áudio, o ministro Marcos Pereira entrou de férias. Com a demissão,
Pereira reassume sua cadeira na Câmara dos Deputados. Segundo pessoas próximas,
ele deve tentar se reeleger em outubro.
MINISTÉRIO DO TRABALHO
Temer abriu o ano com uma
polêmica envolvendo a vaga de ministro do Trabalho. O ex-presidente José Sarney
negou que tenha vetado o nome do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para a
Pasta, como o próprio parlamentar afirmou. Sarney disse que não foi consultado
e que não vetaria um nome do Maranhão.
Nos bastidores, o
ex-presidente ficou irritado de ter tido seu nome envolvido na polêmica. Apesar
do desmentido, na prática, Sarney continua sendo um dos cacique do PMDB e
influente dentro do governo de Michel Temer.
O presidente nacional do PTB,
deputado Roberto Jefferson, se reúne no início da tarde desta quarta-feira com
o presidente Michel Temer para definir o nome do partido para o Ministério do
Trabalho.
O presidente Michel Temer
pediu ao presidente do PTB, Roberto Jefferson, que o partido indique um novo
nome para o cargo. No dia 27 de dezembro, Ronaldo Nogueira, do PTB, deixou o
ministério, e o comando do partido indicou Fernandes para Temer.
O Globo
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