O resultado rompeu um ciclo
de 5 meses consecutivos de desaceleração. Em relação a maio, quando
a inflação ficou em 4,2%, os preços subiram 0,4 ponto percentual (p.p.). Quando
considerado o primeiro semestre de 2024, a taxa acumulada é de 79,8%.
O setor de maior alta no mês foi o de Habitação, Água, Eletricidade, Gás e outros combustíveis (14,3%). Na sequência, ficaram Restaurantes e Hotéis (6,3%), Educação (5,7%), Recreação e Cultura (5,6%) e Comunicação (5,3%).
A Argentina, sob o
comando do presidente ultraliberal Javier Milei, passa por um forte ajuste
da economia. O país vinha enfrentando uma forte recessão econômica, e o novo
presidente promoveu um amplo corte de gastos públicos.
Após tomar posse, em
dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o
repasse de dinheiro para os estados. Foram retirados subsídios às tarifas de
água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais.
Quando o incentivo foi
retirado, houve um aumento expressivo nos preços ao consumidor. Mas, logo no
primeiro trimestre deste ano, o presidente conseguiu o primeiro superávit
desde 2008. O objetivo de Milei é alcançar o "déficit zero" para o
fim de 2024.
A inflação do país também
desacelerou, dos 25,5% registrados em dezembro aos 4,6% calculados em
junho. Parte da queda no índice, contudo, também tem sido atribuída à
diminuição de potencial de consumo entre os argentinos, além de medidas para
redução de impressão de dinheiro.
Argentinos ouvidos pela
agência de notícias Reuters destacaram que a queda nas taxas ainda não reflete
uma diminuição dos preços de serviços públicos, transporte e de alimentos. E o salário-mínimo
de 234,3 mil pesos (US$ 260) não conseguiu acompanhar a inflação anual próxima
dos 300%.
A consequência é uma
intensificação da pobreza no país: são 46,7 milhões dos argentinos abaixo da
linha da pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos
(Indec).
Outro problema está na
atividade econômica. Com o ajuste promovido pelo governo, o Produto
Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em
comparação com o mesmo período de 2023.
Em relatório publicado no mês
passado, o Banco Mundial mudou suas perspectivas para a economia argentina
neste ano.
A instituição passou a prever
uma queda de 3,5% para a atividade econômica do país vizinho, uma piora de 0,8
ponto percentual (p.p.) em comparação às estimativas de janeiro, de recuo de
2,7%.
Para 2025, no entanto, as
projeções são mais otimistas. A expectativa é que o país volte a se recuperar,
"com um crescimento de 5%, à medida que os desequilíbrios econômicos forem
resolvidos e a inflação diminuir" no país.
Também no cenário
internacional, as medidas de austeridade adotadas por Milei têm rendido elogios
do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em maio, a organização internacional
anunciou um acordo que permite o desembolso de quase US$ 800 milhões (R$ 4,1
bilhão).
O FMI destacou o
"primeiro superávit fiscal trimestral" em mais de 10 anos, a
"rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas
internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Especialista destacam, porém,
que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da
elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no
longo prazo.
O governo Milei segue em seu
plano. No mês passado, o Senado da Argentina também aprovou um amplo
projeto de lei que é chave para os planos de reforma econômica de Milei.
Em termos gerais, a
"Lei de Bases" dá poderes especiais ao governo por meio de um
decreto de estado de emergência pública, além de propor a privatização de
algumas estatais.
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