Astrofotógrafo Phil Hart registra as Orionídeas em 2011; foto representa duas horas de observação.
Foto: Mensageiro Sideral/Folha de SP
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O astro passa por nossa região
do Sistema Solar apenas uma vez a cada 76 anos — a última foi em 1986. Mas a
cada passagem ele deixa uma boa quantidade de detritos em sua órbita, que
adentram a atmosfera terrestre toda vez que nosso planeta cruza a trajetória do
cometa, ao prosseguir em seu incansável balé em torno do Sol.
Ou seja, as estrelas cadentes
que vemos no céu são pequenos pedaços do Halley que se desprenderam dele
décadas ou séculos atrás e calharam de estar no nosso caminho. Ao entrar na
atmosfera em altíssima velocidade, eles queimam. E com isso produzem o
espetáculo luminoso que encanta os amantes do céu. Sem oferecer perigo algum,
diga-se de passagem.
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encontrá-los”
Tecnicamente, são duas as
chuvas anuais de meteoros associadas ao Halley. Afinal, o cometa tem uma
trajetória de ida e outra de volta, e ambas cruzam a órbita da Terra. A
primeira chuva é a das Eta-Aquáridas, que acontece em maio. A segunda é a de
agora, chamada de Orionídeas porque o radiante (o ponto de onde parecem partir
os meteoros, ao riscar o céu) fica na constelação de Órion.
Não sabe qual é? Fácil. Basta
procurar as tradicionalíssimas Três Marias — elas compõem o cinturão do caçador
Órion e são fáceis de reconhecer. Mais uma dica: a constelação estará nascendo
no leste por volta das 23h (pelo horário de Brasília; se você não tem horário
de verão, subtraia uma hora) e, a partir daí, vai escalando o céu até sumir de
vista, com o nascer do Sol.
Carta estelar mostra o
horizonte leste à 1h do dia 21, em São Paulo.
Carta mostra horizonte leste à
1h do dia 21, em São Paulo. O radiante das Orionídeas fica perto de Betelgeuse.
COMO OBSERVAR
Chuvas de meteoros são
extremamente democráticas. Não é preciso instrumento nenhum para vê-las. Aliás,
telescópios e binóculos só atrapalham. O segredo é basicamente se sentar
confortavelmente num lugar o mais longe possível das luzes da cidade e com a
visão mais ampla possível do céu.
Vale a pena tentar observar
após a 1h, quando Órion já subiu um pouco no céu. Mas, caso você não tenha
vista para o leste, não se preocupe: os meteoros parecem irradiar da região de
Betelgeuse, a estrela vermelha e segunda mais brilhante da constelação, mas
podem aparecer em qualquer parte do céu. Não é preciso olhar naquela direção
para ver alguns deles.
A expectativa dos astrônomos
para a chuva deste ano é de uma taxa de 12 a 25 meteoros por hora (frequência
maior para quem está no Norte e no Nordeste do Brasil, menor para quem está no
Sul). Mas nem vá pensando em ver todos. Esse número é o máximo possível, para
quem observa o céu inteiro simultaneamente sob as melhores condições visuais.
Ou seja, para meros mortais sem câmera para registrar o céu inteiro, não rola.
O que dá para esperar, de forma realista, é uns cinco ou seis por hora.
Portanto, vale seguir o
conselho que Gabriel Hickel, da Universidade Federal de Itajubá (MG), costuma
dar: observe pelo menos uma hora para ver um número razoável de meteoros e não
espere um show pirotécnico.
“Os meteoros desta chuva são
de duração bastante curta (menor que 1 segundo) e de brilho mediano, mas cerca
de 30% deles são mais brilhantes, de maior duração e apresentam o fenômeno de
persistência da esteira de ionização (o material desintegrado forma uma “nuvem
filamentar”, que dura alguns segundos)”, destaca Hickel. “Alguns ainda mais
brilhantes podem literalmente dividir-se em partes menores.”
Mensageiro Espacial- Folha de SP
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