Hoje oficialmente se comemora o Dia dos Namorados. Pra refletir, deixo uma mensagem de Luiz Fernando Veríssimo,
que de forma irreverente, escreveu sobre o ato continuo e tão simples, mas as
vezes, tão complicado de amar e ser amado.
O MELHOR DO NAMORO
O melhor do namoro, claro, é o
ridículo. Vocês dois no telefone:
- Desliga você.
- Não, desliga você.
- Você.
- Você.
- Então vamos desligar juntos.
- Tá. Conta até três.
- Um...Dois...Dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora
não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro,
lembra?, eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha.
(Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...
Não havia coisa melhor do que
passar tardes inteiras no sofá, olho no olho, dizendo.
- As dondozeira ama os
dondonzeiro?
- Ama.
- Mas os dondonzeiro ama as
dondonzeira mais do que as dondonzeira ama os dondonzeiro.
- Na-na-não. As dondonzeira
ama os dondonzeiro mais do que etc..
E, entremeando o diálogo,
longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de língua, beijos de
amígdalas, beijos catetéticos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque
nunca mais.
Depois do ridículo, o melhor
do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada,
arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está
com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um
abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que
podem até ser camaradas, está mentindo. Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são
as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais
lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar
depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as
pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
(Luiz Fernando Veríssimo)
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