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Ilustração da capa do guia da Nasa sobre comunicação extraterrestre
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Se
você anda sem leitura, e na sua casa #nãovaitercopa, fica uma sugestão do
Mensageiro Sideral: a Nasa, agência espacial americana, acaba de publicar um
livro que é basicamente um guia sobre como estabelecer comunicação com
alienígenas.
O
volume foi editado por Douglas Vakoch, especialista em formulação de mensagens
interestelares do Instituto SETI, organização que concentra suas atividades na
busca por sinais de inteligência extraterrestre.
A
premissa do livro é interessante. Ela transcende a famosa discussão “estamos
sós no Universo?” e se concentra na pergunta seguinte: “e se descobrirmos que
não estamos sós e estabelecermos contato com outra civilização no cosmos, como
faremos para trocar informações com ela?”.
Daí
o título “Arqueologia, Antropologia e Comunicação Interestelar”. O livro tenta
emprestar dessas disciplinas voltadas para problemas mais “mundanos” — como a
decifração de linguagens escritas antigas ou a compreensão do modo de pensar de
povos que nunca tiveram contato direto conosco — possíveis lições aplicáveis ao
futuro contato com alienígenas.
POLÊMICO
Naturalmente,
com esse tema e a abordagem escolhida, o livro acabou instantaneamente
envolvido em controvérsia. Uma citação pinçada de um dos capítulos e divulgada
na internet fez parecer que a obra defende certas teorias conspiratórias
segundo as quais sociedades humanas da antiguidade teriam recebido visitas de
astronautas alienígenas, e que marcações em rochas seriam obras
extraterrestres.
Veja
a citação que circulou por aí: “Podemos dizer pouco, se é que podemos dizer
alguma coisa, sobre o que esses padrões significam, por que foram cortados nas
rochas e quem os criou. Para todos os efeitos e propósitos, eles poderiam ter
sido feitos por alienígenas.”
O
autor do capítulo em questão é William H. Edmondson, especialista em ciências
cognitivas e inteligência artificial da Universidade de Birmingham, no Reino
Unido. Mas uma leitura atenta revela que ele jamais sugeriu que há sinais de
visitas alienígenas no passado terrestre. Sua passagem se refere à dificuldade
inerente na interpretação de mensagens produzidas por povos (no caso em
questão, humanos) separados culturalmente de nós. É uma maneira de dizer que,
se tentarmos compreender mensagens alienígenas, teremos dificuldade ainda
maior.
Se
lido pela perspectiva certa, o livro agrega muito valor à reflexão sobre vida
inteligente no universo, ao tentar avançar numa questão pouco discutida: o que
esperamos de um contato com outra civilização?
O
saudoso astrônomo Carl Sagan defendeu que encontrarmos uma sociedade alienígena
mais avançada nos ajudaria a superar nossa “adolescência tecnológica”. Ele
sugeriu que esses extraterrestres poderiam estar transmitindo uma versão da “Enciclopédia
Galáctica” para nós, por meio de sinais de rádio. Até agora, todos os esforços
de detecção de transmissões interestelares obtiveram, na melhor das hipóteses,
resultados duvidosos e inverificáveis. Mas, se um dia eles tiverem sucesso, a
pergunta que vem a seguir é: conseguiremos interpretar o significado contido na
transmissão alienígena? E outra: devemos responder? Se sim, o que devemos dizer
a eles, e como?
Essas
e outras interessantes questões são todas investigadas minuciosamente no livro,
que também apresenta um bom histórico da pesquisa SETI na Nasa. Se você estiver
com o inglês afiado, recomendo a leitura.
Mensageiro Sideral
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