Um estudo sobre a composição
química do cometa Lovejoy forneceram aos cientistas informações que reforçam a
teoria da panspermia, de que a vida teria surgido na Terra graças ao impacto de
asteroides. Por meio da análise espectral da atmosfera do corpo celeste, os
pesquisadores descobriram 21 diferentes moléculas orgânicas, incluindo grande
quantidade de álcool etílico (o mesmo encontrado em bebidas) e glicolaldeído,
um tipo de açúcar.
— Nós descobrimos que o cometa
Lovejoy estava liberando a quantidade equivalente de álcool em ao menos 500
garrafas de vinho por segundo durante o pico de atividade — disse Nicolas
Biver, do Observatório de Paris, na França, e líder do estudo publicado na sexta-feira
na revista “Science Advances”.
Cometas são corpos congelados
remanescentes da formação do Sistema Solar. Eles interessam aos cientistas por
serem relativamente primitivos e podem carregar pistas sobre como o nosso
sistema foi formado. A maior parte orbita zonas frígidas, distantes do Sol, mas
ocasionalmente, distúrbios gravitacionais os enviam para órbitas mais próximas,
onde eles liberam gases por causa do aquecimento, e permitem aos cientistas
determinarem sua composição.
Cometa Lovejoy é um dos mais
brilhantes e ativos cometas desde o Hale-Bopp, em 1997. Ele teve a sua maior
aproximação com o Sol no dia 30 de janeiro, quando liberou água a taxas de 20
toneladas por segundo. Os pesquisadores observaram a atmosfera do cometa nesse
período, com auxílio de um radiotelescópio de 30 metros de diâmetro, instalado
em Pico Veleta, na Espanha.
Pela energização das moléculas
na atmosfera do cometa provocada pelos raios solares, elas brilham em
frequências específicas de micro-ondas. Cada molécula brilha em uma frequência
específica, como uma assinatura, que permite aos cientistas identificarem sua
composição por espectrômetros no telescópio.
A descoberta reforça a teoria
da panspermia. Alguns cientistas especulam que um antigo impacto de asteroide
com a Terra teria trazido uma carga de moléculas orgânicas, algo como um
“fermento” para a origem da vida.
— Definitivamente, os
resultados promovem a ideia de que cometas carregam elementos químicos muito
complexos — disse Stefanie Milam, do Centro Espacial Goddard, da Nasa, e
coautora do estudo. — Durante o Intenso Bombardeio Tardio, cerca de 3,8 bilhões
de anos atrás, quando muitos cometas e asteroides estavam atingindo a Terra e
surgiam os nossos primeiros oceanos, a vida não começou apenas como simples moléculas
como água, monóxido de carbono e nitrogênio. Além disso, a vida tinha algo
muito mais sofisticado a nível molecular. Nós estamos encontrando moléculas com
múltiplos átomos de carbono. Agora, nós podemos ver como açúcares estão se
formando, assim como orgânicos mais complexos como aminoácidos, os “tijolinhos”
das proteínas, ou nucleotídeos, os “tijolinhos” do DNA.
O Globo
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