O crescente aumento da procura
por emprego num mercado que continua sem gerar novas vagas segue pressionado
para cima a taxa de desemprego no país, que ficou em 8,7% no trimestre
encerrado em agosto, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) Contínua, do IBGE, que apresenta dados referentes a todos os estados
brasileiros. É o mais alto da série histórica, iniciada em 2012. No mesmo
período do ano anterior a taxa ficou em 6,9%, enquanto no trimestre encerrado
em maio de 2015, que serve de base de comparação, ficou em 8,1%.
A população desocupada foi
estimada em 8,8 milhões de pessoas, crescendo 7,9% (mais 647 mil pessoas) em
relação ao trimestre de março a maio e subiu 29,6% (mais 2 milhões de pessoas)
no confronto com igual trimestre de 2014. Já a população ocupada (92,1 milhões
de pessoas) ficou estável em ambas as comparações.
O número de empregados com
carteira assinada, que garante direitos trabalhistas, recuou 1,2% (menos 425
mil pessoas) frente ao trimestre de março a maio e caiu 3% (menos 1,1 milhão de
pessoas) frente a igual trimestre de 2014. E, os que estão ocupados, passaram a
ganhar menos. O rendimento médio real habitualmente recebido foi estimado em R$
1.882, recuando 1,1% frente ao trimestre de março a maio (R$ 1.904) e ficou
estatisticamente estável em relação ao mesmo trimestre de 2014 (R$ 1.864).
As quedas no número de
trabalhadores com carteira assinada e do rendimento também mostram que houve
uma perda da qualidade do trabalho e, de acordo com o coordenador de Trabalho e
Renda do IBGE, Cimar Azeredo, são os responsáveis pelo aumento da taxa de
desocupação.
Segundo Azeredo, essa
combinação de queda do emprego com carteira assinada e de rendimento é a principal
responsável pelo aumento da taxa de desocupação:
- A desocupação aumenta por
aumento da perda da estabilidade no mercado de trabalho. Em um ano, um milhão
de pessoas perderam o emprego com carteira e isso acaba levando para o mercado,
que não contrata, um número maior de pessoas, aumentando a fila do desemprego.
Essa estabilidade que se perde leva para o mercado do trabalho pessoas que
estavam fora para complementar os estudos ou que já tinham saído do mercado e
agora têm de voltar para recompor a renda familiar. São mais jovens e adultos
com mais de 50 anos à procura.
MAIS UM MILHÃO POR CONTA
PRÓPRIA
A massa de rendimento médio
real habitualmente recebida para o trimestre encerrado em agosto (R$ 167,8
bilhões) caiu 1,1% frente ao trimestre móvel anterior e ficou estável em
relação ao mesmo trimestre de 2014.
Já os contingentes de
empregadores e de trabalhadores por conta própria cresceram 7,3% e 4,4%,
respectivamente, frente ao trimestre de junho a agosto de 2014. São mais 277
mil empregadores e outros 926 mil trabalhadores por conta própria.
- É como se tivesse ocorrido
uma transferência dos trabalhadores que perderam a carteira para os conta
própria e empregadores. São pessoas que perdem o emprego, não conseguem se
recolocar e resolvem fazer bico ou abrir o próprio negócio. Não fosse esse
grupo, o número de desempregados seria muito maior - analisa Azeredo.
Na análise da ocupação segundo
os grupamentos de atividade, houve retração de 1,7% na Indústria geral (menos
223 mil pessoas) em relação ao trimestre de março a maio de 2015.
Quatro grupamentos de
atividade tiveram variação significativa frente ao trimestre de junho a agosto
de 2014, sendo duas quedas e duas altas: Indústria geral (-3,5%), Construção
(-2,9%), Alojamento e alimentação (4,6%) e Transporte, Armazenagem e Correio
(3,8%).
Frente ao trimestre de março a
maio de 2015, os trabalhadores domésticos tiveram redução em seus rendimentos
(-2,7%), assim como os empregados no setor privado com carteira de trabalho
(-1,8%). Já frente ao trimestre de junho a agosto de 2014 todas as categorias
de posição na ocupação mantiveram estabilidade em seus rendimentos.
A força de trabalho — que
considera quem está trabalhando e quem está em busca de trabalho — foi estimada
em 100,93 milhões de pessoas entre junho e agosto, crescendo 0,7% com relação
ao trimestre anterior, encerrado em maio, ou seja, mais 671 mil pessoas. Com
relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento foi ainda maior, de
2,2%, ou mais 2,19 milhões de pessoas.
Pela Pesquisa Mensal do
Emprego (PME), que engloba dados de seis regiões metropolitanas do país (Rio,
São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre), a taxa de
desemprego brasileira ficou em 7,6% em setembro, estável em relação a agosto.
No entanto, para meses de setembro é o pior resultado desde 2009.
O Globo
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