O ministro Edson Fachin foi
sorteado hoje (2) novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele agora ficará responsável por supervisionar o andamento de toda a operação
na Corte, após a morte, no último dia 19, do relator original, ministro Teori
Zavascki, na queda de um avião no mar próximo a Paraty (RJ).
Fachin foi escolhido por meio
de sorteio eletrônico pelo sistema do STF, após a presidente da Corte, ministra
Cármen Lúcia, ordenar a redistribuição do inquérito que investiga o senador
Fernando Collor (PTC-AL).
Pelo princípio da prevenção do
juiz natural do caso, todos os outros processos relacionados à Lava Jato no
Supremo passam também a ser de responsabilidade do ministro Fachin.
No primeiro processo da Lava
Jato a ser redistribuído, consta uma denúncia contra Collor apresentada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pendente de julgamento desde
2015.
O governador do Rio de
Janeiro, Luiz Fernando Pezão, encontrava-se em reunião com Fachin no momento da
redistribuição. Ao sair do gabinete do ministro, o governador fluminense disse
que o magistrado recebeu a notícia durante a audiência. "Está em boas
mãos", afirmou Pezão ao comentar a reação calma do ministro no momento em
que soube ter se tornado o novo relator da Lava Jato.
Participaram do sorteio
somente os integrantes da Segunda Turma, composta ainda pelos ministros Celso
de Mello, Dias Toffolli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Fachin pediu
ontem (1º) transferência da Primeira para a Segunda Turma, para participar do
sorteio.
A segunda turma é onde são
julgados todos os pedidos e processos relacionados à Lava Jato no Supremo, com
exceção daqueles que envolvem o presidente de algum Poder, que são apreciados
pelo plenário.
A partir de agora, qualquer
solicitação ou andamento relacionado à Lava Jato, como a instalação de escutas
ou a realização de diligências para coleta de provas, por exemplo, precisa ser
autorizado por Fachin, caso as investigações da força-tarefa da Lava Jato
indiquem o envolvimento de alguma pessoa com foro privilegiado, entre eles,
parlamentares e ministros.
Ao menos 364 pessoas são
investigadas no Supremo no âmbito da Operação Lava Jato, segundo o balanço mais
recente divulgado pelo Ministério Público Federal (MPF), muitas delas políticos
no exercício do mandato parlamentar.
Nomeação
Fachin herdará somente os
processos ligados à Lava Jato, entre eles mais de 40 inquéritos e três ações
penais. Os mais de 7,4 mil processos que restam no acervo do gabinete de Teori
Zavascki deverão ficar para o ministro que ocupar sua vaga.
Com a definição da relatoria
da Lava Jato no STF, o presidente Michel Temer deve nomear o novo ministro para
ocupar a vaga deixada por Teori.
Temer já havia afirmado, após
a morte de Teori, que aguardaria a redistribuição da Lava Jato para um novo
relator antes de escolher o nome do ministro que ocupará a vaga em aberto.
Odebrecht
A expectativa agora é saber se
Fachin vai retirar o sigilo das delações premiadas de 77 executivos e
ex-funcionários da empresa Odebrecht, que citariam dezenas de políticos com
mandato parlamentar ou cargos no governo no esquema de corrupção na Petrobras.
Na última segunda-feira (30),
Cármen Lúcia homologou todas as delações, tornando-as juridicamente válidas
ainda antes da definição do novo relator da Lava Jato no STF. Os mais de 800
depoimentos foram então enviados ao procurador-geral da República, Rodrigo
Janot.
Janot agora deve analisar se
as informações prestadas pelos delatores devem resultar imediatamente em
denúncias, motivar a continuidade das investigações ou se os processos devem
ser arquivados.
Responsável pela Operação Lava
Jato na Justiça Federal, o juiz Sérgio Moro comentou o resultado do sorteio.
“Fachin é um jurista de elevada qualidade e, como magistrado, tem se destacado
por sua atuação eficiente e independente”, disse em nota.
Agência Brasil

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