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Presidente Michel Temer faz
pronunciamento, no Palácio do Planalto após a Câmara dos Deputados arquivar
processo de corrupção contra ele. - Jorge William / Agência O Globo
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Dois dias após a votação da
denúncia contra o presidente Michel Temer, o governo exonerou, nesta
sexta-feira, um apadrinhado do PR, partido da base aliada e que fechou questão
a favor do presidente - decisão partidária que obriga parlamentares a votarem
conforme posicionamento da legenda, sob pena de sanção ou expulsão em caso de
descumprimento.
A punição atingiu um aliado do
deputado Jorginho Mello (SC), que desrespeitou a posição da legenda e votou
contra Temer no plenário da Câmara. Vissilar Pretto, o apadrinhado de Mello
exonerado, ocupava o cargo de superintendente regional do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Santa Catarina.
O PR comanda toda a estrutura
do Ministério dos Transportes, sob a batuta do ministro Maurício Quintella
Lessa. Sob o guarda-chuva dos Transportes há diversos postos considerados
atraentes pelos deputados e que são controlados pela legenda - além do Dnit,
responsável pela maior parte do orçamento da pasta, postos de comando como a
Infraero.
No Palácio do Planalto,
aliados do presidente afirmaram que Jorginho Mello "exagerou na
sentença", já que desrespeitou a posição do PR e ainda fez um breve
discurso para embasar o seu voto contrário ao presidente. A pressão para trocar
Vissilar Pretto veio da própria legenda. Segundo governistas, esse será o modus
operandi de Temer: promover trocas em comum acordo com os partidos da base,
tudo para evitar descontentamentos e perda de apoios.
Apesar dos primeiros sinais de
retaliação, o governo garante que as represálias vão ocorrer aos poucos e serão
analisadas junto aos partidos que já detêm o comando dos cargos. O discurso no
governo é de que os ministros estão mapeando os cargos, mas que as trocas vão
ocorrer a pedido dos partidos. De olho na reforma da Previdência, Temer sabe
que não pode perder apoios, por isso a ação cautelosa por parte do Planalto:
— Vamos retomar as votações, e
você não faz votações diminuindo a base. Não podemos perder apoios - afirmou
uma pessoa próxima ao presidente.
Os ministros Antonio Imbassahy
(Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil) são os responsáveis por
mapear os cargos de segundo e terceiro escalão para levar a Temer. O
presidente, segundo aliados, não está cuidando da negociação no
"varejo", mas monitora as movimentações. Temer tem ouvido também
pessoalmente reclamações pontuais de partidos, que encaminha aos ministros.
— Os ministros estão mapeando
os cargos, mas sem "varejinho" por parte do Temer. A pressão vem dos
partidos da base e nós vamos tentar atendê-los aos poucos - disse um assessor
do Palácio.
O Globo
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