Apesar dos inúmeros avanços científicos nos estudos
do Sistema Solar e da Terra, pouco se sabe sobre a era em que nasceu
nosso planeta natal. Enquanto há um consenso sobre uma vida estimada em aproximadamente
4,6 bilhões de anos, grupos de cientistas concentram seus esforços para
aprofundar pesquisas na área e buscar esclarecer, com maior assertividade, as
histórias sobre o nascimento dos corpos celestes no cosmos.
Evidências recentes indicam que a Terra nasceu em um mar
espacial ao redor de um sol recém-formado. Durante esses primeiros
milhões de anos do que hoje é conhecido como Sistema Solar, gás e poeira
estavam substancialmente espalhados pela dimensão, e se reuniram a outros tipos
de partículas e rochas espaciais em colisões praticamente intermináveis,
moldando a galáxia a partir da criação de corpos ainda maiores que os
originais.
O professor de geologia Thomas Lapen, que preside o departamento de ciências atmosféricas e terrestres da Universidade de Houston, Estados Unidos, acredita que o nascimento da Terra foi tardio e teve relação direta com os primeiros vestígios da Lua. Enquanto outros planetas já estavam com suas composições de núcleo, manto e crosta definidas, nosso globo passava por um processo de diferenciação e teria chegado, até mesmo, a colidir com um corpo pequeno em seu estágio "proto", gerando detritos que logo se fundiriam com o satélite natural.
Isso teria "reiniciado" as propriedades do
planeta, com um espesso oceano de magma cobrindo a Terra e gerando o sistema
atual. Apesar desse longo processo de formação, minerais mais antigos
permaneceram e, por meio de técnicas de datação radiométrica — medição de
urânio —, serviram para revelar uma idade aproximada de 4,4 bilhões de anos.
Como o registro da rocha “seria obliterado pelo evento de formação da lua”, o
sistema Terra-Lua teria surgido um pouco antes em relação ao estimado.
Compreender o papel da Lua e sua contribuição para o
Sistema Solar é imprescindível para calcular, com maior exatidão, o tempo de
vida da Terra. Assim como nosso planeta, o satélite também ficou coberto por um
oceano de magma em sua juventude e fornece, atualmente, indícios — via
fragmentos de zircônio — de sua formação, como havia sido registrado durante
a missão Apollo 14, iniciada em janeiro de 1971.
“Se o 'nascimento da Terra' é definido como o tempo de
formação do primeiro núcleo proto-Terra ou protoplaneta que finalmente cresceu
por acreção para formar a Terra atual”, diz Lapen, “então talvez isso tenha
ocorrido há tanto tempo quanto a idade de [Erg Chech 002].” Vale lembrar que
Erg Chech 002 é a rocha espacial mais antiga conhecida e pode estar relacionada
ao protoplaneta primitivo do sistema solar primitivo, existente em uma época em
que o corpo estava em estágio semelhante ao da Terra em sua concepção — cerca
de 4,565 bilhões de anos.
“Quanto mais para trás olhamos, muitas vezes as coisas
menos precisas são por causa das lacunas no registro. É um período de tempo
relativamente curto, onde muitas coisas aconteceram – houve o impacto, tudo
teve que coalescer, esfriar e se diferenciar em corpos rochosos resistentes que
têm núcleo, manto e crosta”, conclui o professor. Segundo ele, os próximos
passos serão estudos aplicados em mais rochas lunares com tecnologias modernas,
a fim de obter medições mais precisas e restringir os dados supostos.
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