A produção industrial
brasileira cresceu 0,6% em abril. frente a março, de acordo com a Pesquisa
Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. É a primeira
alta em 2017 e a maior taxa para o mês desde 2013, quando tinha subido 0,9%. No
mês anterior, o setor havia recuado 1,8%. A mediana das expectativas de
analistas consultados pela Bloomberg era de alta de 0,1%. Na comparação com
abril de 2016, houve queda de 4,5%. Nos quatro primeiros meses de 2017, o recuo
é de 0,7%.
O IBGE revisou resultados dos
meses anteriores. A queda de março, anteriormente estimada em 1,8%, passou a
ser de 1,3%. Já o recuo de 0,4% de janeiro foi recalculado para retração de
0,1%.
A primeira alta da indústria
no ano, no entanto, ainda não permite identificar uma recuperação do setor,
segundo André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE:
— Dos quatro principais
impactos que tiveram influência importante, todos eles tiveram comportamento
negativo no mês anterior. (O resultado) reforça esse caráter errático da
produção industrial, o que claramente não caracterizaria, a despeito desse
0,6%, nenhuma trajetória de crescimento da produção. Não fica nada clara uma
retomada.
O dado é revelado um dia após
a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que mostrou
que a economia cresceu 1º nos primeiros três meses do ano, na comparação com o
último trimestre de 2016, a primeira alta em dois anos.
Na avaliação do técnico do
IBGE, o pior momento da indústria ficou para trás, mas o setor ainda está
estagnado. A produção está no mesmo patamar de janeiro de 2009.
— Aquele cenário de perdas
sucessivas parece que ficou para trás. Mas isso tampouco significa que o setor
industrial entrou em uma trajetória de crescimento. Há uma estabilidade em
determinado momento, mas o setor industrial ainda permanece muito longe de seus
patamares históricos. O setor hoje opera 19,8% abaixo do pico de produção,
alcançado em junho de 2013. Há um distanciamento muito grande. Em termo de
patamar de produção, é como se estivesse operando em patamares de janeiro de
2009 - explica André Macedo.
IMPULSO DE PRODUTOS
FARMACÊUTICO
O resultado positivo foi
influenciado pela alta de 13 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE. Os destaques
foram as altas registradas nos segmentos de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos (19,8%), veículos automotores (3,4%), refino (2%) e máquinas e
equipamentos (4,9%). Todas essas atividades haviam registrado queda em março,
destacou o instituto.
A alta de produtos
farmacêuticos, na avaliação do IBGE, foi resultado do chamado efeito base: o
segmento havia registrado retração de 23,4% na passagem de fevereiro para
março. É um setor marcado pela volatilidade. Para se ter uma ideia, desde abril
de 2016 foram oito resultados negativos e cinco positivos. No acumulado dos
primeiros quatro meses, o setor ainda está no terreno negativo, com queda de
15%.
— É uma atividade que tem
característica de muita volatilidade. Vem oscilando claramente mês a mês. Houve
um crescimento muito alto mais em função de uma perda muito negativa. E em
linhas gerais, tem um comportamento semelhante ao restante da indústria: o que
cresce não repõe a perda do passado — Macedo.
A indústria extrativa
registrou queda de 1,4% em abril, na comparação com março. Na comparação com
igual mês do ano anterior, o segmento registrou alta de 4,4%. A indústria
extrativa ajudou a impulsionar o resultado do PIB industrial do primeiro
trimestre, com alta de 1,7% no trimestre. O IBGE destaca, no entanto, que os
levantamentos da pesquisa mensal e do PIB são diferentes.
O IBGE também divide a
pesquisa em grandes categorias econômicas: bens de capital, bens
intermediários, bens de consumo duráveis e bens de consumo semi e não-duráveis.
Desses grupos, só o de bens semi e não-duráveis registrou queda, de 0,8%, na passagem
entre março e abril. As outras categorias ficaram em alta, revertendo em parte
os resultados negativos do mês anterior.
O destaque ficou por conta dos
bens intermediários, categoria formada pelos insumos - produtos usados na
produção de outras mercadorias -, que avançou 2,1% na passagem do mês. Os bens
duráveis, que agrupam produtos como eletrodomésticos, tiveram alta de 1,9%. Já
os bens de capital, normalmente associados a investimentos, avançaram 1,5%.
MAIOR QUEDA DESDE OUTUBRO NA
COMPARAÇÃO ANUAL
Apesar da melhora na passagem
entre março e abril, o resultado na comparação com o mesmo mês do ano anterior,
de queda de 4,5%, foi o pior desde outubro, quando a indústria recuou 7,5%.
Nesse tipo de comparação, 18 dos 26 ramos acompanhados pela pesquisa tiveram
queda.
O destaque, nessa comparação
anual, foram os produtos alimentícios, que tiveram queda de 16,4%. Os segmentos
de refino e derivados de petróleo (-7,8%), máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (-18,5%), produtos farmacêuticos (-13,9%) e bebidas (-9,1%) também
influenciaram negativamente.
Já entre as grandes categorias
econômicas, o destaque negativo ficou por conta dos bens de consumo semi e
não-duráveis, com recuo de 9,8%, o terceiro consecutivo. O segmento de bens de
capital (-5,5%) e bens intermediários (-3%) também ficaram em queda. Só os bens
duráveis, com alta de 0,6%, tiveram número positivo.
As informações da pesquisa
mensal devem ajudar analistas a prever o comportamento da economia no segundo
trimestre do ano. Até a tarde de quinta-feira, economistas consultados pelo
GLOBO previam estabilidade para o período, com possível retração, dependendo
também do efeito da crise política sobre a economia.
O Globo
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