Esta tem sido uma semana
dolorosa para a Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Os policiais estão
consternados com a morte de dois colegas. O primeiro morreu em um acidente de
trânsito no domingo, 11, e nesta terça-feira, 13, homicidas retiraram o 11º PM
do combate em prol da segurança dos potiguares.
De acordo com a Associação dos
Cabos e Soldados da PMRN, o cabo Mário Pinheiro de Lima, de 38 anos, foi mais
um que morreu apenas pelo fato de ser policial. Montado em uma motocicleta, ele
parou embaixo de uma árvore para fugir da chuva que caía. Neste momento, dois
homens surgiram em outra moto e dispararam cerca de dez tiros contra o PM.
O diretor social da
associação, cabo Marcelo Ribeiro, já trabalhou com Mário. Enlutado, ele falou
não ter dúvidas de que o amigo foi vítima de homens destinados a matar. “Minha
opinião é de que não foi assalto. Chegaram e deram mais de dez disparos contra
ele. Isso configura execução”, comentou.
Ribeiro contou que recebeu a
notícia da morte do amigo quando chegou em casa para descansar. “Fui
surpreendido por esta notícia de mais um colega morto. A sociedade de domingo
pra cá perdeu dois excelentes profissionais, e eu perdi dois amigos pessoais”,
ressaltou, completando que também já trabalhou com o soldado Josuel Barbosa da
Silva, a vítima do acidente automobilístico.
Retirados do combate
O número de 11 policiais
mortos, repassado pela Associação dos Cabos e Soldados, não inclui o soldado
Josuel. Isso porque a entidade não contabiliza as mortes por causas naturais ou
por acidentes. A Polícia Militar também não foi precisa na informação de quantos
PMs morreram este ano. Um levantamento teria que ser feito, informou a sala de
imprensa da corporação.
Alguns homicídios deixam claro
o ódio dos criminosos contra os policiais. No dia 4 de março, por exemplo, o
cabo José Borges Neto, de 51 anos, foi morto dentro da própria casa, em
Parelhas, na região Central Potiguar. O crime ocorreu na frente da mulher e da
filha do PM. O assassino teria dito: “Me mandaram fazer, então eu vim”.
O sargento Antônio Cândido dos
Santos, assassinado na semana passada quando acompanhava o pai em exame clínico
na Liga Contra o Câncer, é para a PM exemplo do quão arriscado é ser da
polícia. De acordo com nota publicada pela corporação, ele foi “atingido por
disparos de arma de fogo, efetuados por indivíduos que o identificaram como
policial”.
Existe explicação
De acordo com Ribeiro, os
criminosos contam com uma vantagem quando cruzam o caminho de uma autoridade da
segurança pública: justamente o fato de ser um fora da lei. “Na hora de agir, o
policial tem que pensar duas vezes se atira. Ele pensa que pode ser preso,
condenado e até perder a farda. Nesse tempo, acaba sendo vitimado”, defende.
Outro problema observado por
Ribeiro é falta de assistência aos policiais. “Todos deveriam ter plano de
saúde custeado pelo Governo, pois assumem profissão de risco. Já que não é
possível, deveriam dar prioridade a PMs em hospitais. Tem muitos casos de
colegas que se ferem em ocorrências e a agente (associação) tem que intervir
pra que eles sejam atendidos mais rápido. Nesse tempo, o estado de saúde
piora”.
O policial entrevistado, que
luta para cumprir a lei, está descrente quanto a uma punição justa a quem
assassinou seus amigos: “Infelizmente, a Justiça não será feita”.
Eternos guerreiros
A reportagem levantou os nomes
dos policiais mortos no estado este ano. Chegou-se a um número de oito. A
Polícia Militar e a Associação dos Cabos e Soldados afirmam que foram 11, mas
não puderam completar a lista, de pronto. Esta última entidade acrescentou mais
um PM assassinado e ficou de repassar os outros dois nomes.
4 de janeiro
O soldado Manoel Gomes foi
morto na Zona Norte por um homem que se aproximou em uma moto.
31 de janeiro
O cabo Daniel Oliveira Pessoa,
de 32 anos, foi morto a tiros durante assalto a uma joalheria de um shopping de
Natal.
20 de fevereiro
O sargento Jackson Sidney
Botelho Matos, de 42 anos, foi morto a tiros em Ceará-Mirim.
24 de fevereiro
O cabo Edmilson Nascimento de
Oliveira Júnior foi baleado nas costas em um bar da Zona Sul de Natal.
4 de março
O cabo José Borges Neto, de 51
anos, foi morto a tiros dentro da própria casa, em Parelhas. O crime ocorreu na
presença da mulher e da filha do policial.
14 de março
O sargento Aldo Tavares Irineu
foi morto a tiros quando chegava a um bar da Zona Sul de Natal.
6 de abril
O sargento José Cabral do
Nascimento Junior, de 43 anos, foi morto em São Gonçalo do Amarante por um
homem que fugiu em uma motocicleta.
5 de junho
O sargento Antônio Cândido dos
Santos foi morto a tiros por dois homens em uma moto em frente a Liga Contra o
Câncer, na Zona Oeste.
13 de junho
O cabo Mário Pinheiro de Lima
foi morto a tiros por dois homens em uma moto no bairro Bom Pastor, na Zona
Oeste.
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