O Brasil apreendeu menos armas
de fogo ilegais em 2014. Segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, a redução do número de armamentos recolhidos foi de 128.908 em 2013
para 118.379, queda de 8%. No total, 15 estados, entre eles São Paulo, Minas e
Ceará, além do Distrito Federal, registraram diminuição. O dado reflete no
aumento de mortes violentas no pais no ano passado, quando 58.559 pessoas foram
assassinadas, como mostrou O GLOBO nesta quinta-feira.
O documento faz parte da 9ª
edição do Anuário de Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado nesta
sexta-feira pelo Fórum. O levantamento foi realizado a partir de requisições
feitas junto aos governos estaduais e às Polícias Federal e Rodoviária, com
apoio do Instituto Sou da Paz, e com base na Lei de Acesso à Informação.
No estado de São Paulo, foram
apreendidas 21.676 armas de fogo em 2014 - queda de 13% se comparado a 2013,
ano em que as apreensões chegaram a 25.022. Em Minas Gerais, a retração chegou
a 12% - de 24.589 para 21.706. Na Bahia, foi de 22%, indo de 6.211 para 4.832.
O maior percentual de redução foi registrado no Amapá: de 379 para 138, ou 64%.
No entanto, o Rio de Janeiro,
que teve média de 30 homicídios por cem mil habitantes em 2014, de acordo com
dados do próprio Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registrou aumento no
recolhimento de armamentos de 6%. Em 2013, o número de apreensão de armas foi
de 8.403. No ano seguinte, 8.894. Em contrapartida, Alagoas, onde a taxa de
assassinatos é de 61,9 para cem mil habitantes (a maior do pais), teve
crescimento de 8%, de 1.921 para 1.774.
O estudo aponta ainda que as
polícias estaduais apreenderam 107,9 mil armas em 2014, 3,3% a menos do que no
ano anterior, quando conseguiram tirar de circulação 111,6 mil. Já a Polícia
Federal recolheu 8,9 mil armas no ano passado, quase metade (queda de 43,7%) do
havia apreendido em 2013. A Polícia Rodoviária Federal manteve o mesmo ritmo de
trabalho nos dois anos, aprendendo 1,5 mil armas em 2013 e outras 1,5 mil em
2014.
- É preocupante. A polícia
está mais passiva, mais inerte, com menos programas de trabalho. As armas
ilegais só são apreendidas com a prisão de bandidos ou com a abordagem de
suspeitos. A polícia relaxou. Falta comando, gestão. É preciso ter metas e
cobranças dessas metas. Isso não ocorreu. Cerca de 70% dos homicídios hoje no
Brasil são por armas de fogo - afirmou José Vicente da Silva Filho, membro do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ex-secretário Nacional de Segurança
Pública.
Para Marcos Bretas, professor
e membro do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da
UFRJ, a arma é o maior problema em relação à violência hoje no país:
- É preciso reconhecer a
tradição da sociedade de usar arma. É preciso quebrar padrões culturais. Além
disso, as políticas públicas não têm dado centralidade no combate às armas. A
maior preocupação é com as drogas. Mas a arma é o maior problema do Brasil.
O Globo
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