SUPERMERCADO J. EDILSON: O MELHOR PREÇO DA REGIÃO - Ligue: 3531 2502 - 9967 5060 - 9196 3723

SUPERMERCADO J. EDILSON: O MELHOR PREÇO DA REGIÃO - Ligue: 3531 2502 - 9967 5060 - 9196 3723

sábado, 17 de outubro de 2015

Operador liga propina da Petrobras à conta de Cunha

O operador usado para abrir as contas de Eduardo Cunha na Suíça é a conexão entre o dinheiro movimentado no exterior pelo presidente da Câmara dos Deputados e o escândalo da Lava-Jato. Luis Maria Pineyrua Pittaluga, que criou para Cunha uma empresa de fachada em Cingapura, se apresenta como representante do escritório uruguaio Posadas & Vecino Consultores. O escritório funciona na Rua Juncal 1305, 21º andar, em Montevidéu, o mesmo endereço declarado como sede da Hayley S/A, investigada na Lava-Jato por receber propina pela intermediação de contratos de fornecimento de sondas de perfuração da coreana Samsung à área internacional da Petrobras.

Documentos divulgados ontem, pela “Folha de S.Paulo”, revelaram que a principal conta atribuída a Cunha na Suíça foi aberta com ajuda de Luis Pittaluga. Ele assina documentos como diretor da PVCI New Zealand Trust, da Nova Zelândia. Esta empresa criou a Netherton Investments, offshore de Cingapura que serviu de fachada para o presidente da Câmara abrir a conta europeia. 

Nos papeis da PVCI, Pittaluga aparece como representante de Posadas & Vecino. É o mesmo escritório uruguaio citado nas investigações sobre os pagamentos à Hayley. De acordo com as informações prestadas pelo delator Júlio Camargo, representante do grupo Toyo Setal, que atuava em parceria com o estaleiro coreano Samsung, uma conta da Hayley na Suíça foi indicada por Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, acusado de ser operador do PMDB, para receber dois pagamentos no valor de US$ 500 mil, cada, como propina pelos contratos de construção dos navios-sonda Petrobras 10000 e Vitoria 10000, sem licitação, em contratos firmados em 2006 e 2007.

Os depósitos para a Hayley, segundo o delator, saíram da conta mantida por Camargo no Banco Cramer, na Suíça. Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, Camargo afirmou que foi pressionado por Cunha a pagar um total de US$ 10 milhões em propina, dos quais metade teria ficado com o deputado, para garantir o negócio.

Os investigadores da Lava-Jato estão convencidos de que os depósitos na conta da Hayley são parte deste montante. A operação também apurou que, a partir de certo momento, a Samsung deixou de pagar as comissões a Camargo, que, por sua vez, suspendeu a propina. Com isso, Cunha passou a pressionar a Samsung, valendo-se de requerimentos apresentados à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados pela então deputada Solange Almeida em 2011.

Documentos levantados pelo GLOBO, em cartórios do Rio e do Uruguai, demonstram que a Hayley é também uma empresa de fachada. Fundada em 8 de dezembro de 2008, a empresa uruguaia não tem sede própria — funciona na antiga sede da Posadas & Vecino Consultores — e nem qualquer outro sinal de atividade. No 21º andar da Rua Juncal 1305, em Montevidéu, uma placa informa que o escritório mudou-se recentemente para o andar de baixo.

A Hayley é presidida pela advogada brasileira Christina Maria da Silva Jorge. Em 23 de setembro de 2013, ela assinou uma procuração ampla para José Reginaldo da Costa Filpi, para representar a sociedade junto à Receita Federal no Brasil. Christina e Filpi são sócios em escritório de advocacia no Centro do Rio. Investigações concluíram que os dois administram um negócio que oferece serviços de administração de empresas nas áreas jurídica, contábil e legal. “Para esse fim, Filpi e seus colaboradores terceirizam serviços tanto no Brasil quanto em outros países, como o Uruguai e o Panamá”, relataram os investigadores da Lava-Jato.

A empresa uruguaia tem uma filial brasileira, a Hayley Empreendimentos e Participações, cuja sede é a mesma do escritório de Filpi, no Centro do Rio. Esta empresa comprou duas salas comerciais na Rua da Assembleia 10. A partir de janeiro de 2013, passou a funcionar no local a D3TM, consultoria que Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, montou após deixar a estatal. Em novembro, a Hayley transferiu as duas salas para a D3TM. Na papelada, consta que a transação foi feita por R$ 770 mil.

No emaranhado de procurações, aparece também o nome de João Antônio Bernardi Filho, ex-dirigente da Odebrecht, que figura como sócio da filial brasileira da Hayley. Ele ocupou o cargo de diretor-superintendente da Odebrecht Petroleo e Gás e também foi sócio da Oil & Gas Service, fruto de uma parceria com o empresário Alexandre Oliveira — Irani Carlos Varella, genro de Alexandre, é apresentado no site “Memória Petrobras” como engenheiro que ocupou funções gerenciais na Bacia de Campos, Petrobras Distribuidora e Cenpes. Ex-gerente-geral de Produção da Exploração e Produção (E&P) e diretor de Serviços, Irani foi, de outubro de 2008 a fevereiro de 2013, presidente da Petrobras Uruguai.

Um dos depósitos de Júlio Camargo à Hayley, em 4 de outubro de 2011, no valor de US$ 500 mil, ocorreu um dia antes de um não esclarecido assalto sofrido por Bernardi no Centro do Rio. A polícia não conseguiu saber onde foram parar R$ 57 mil dos R$ 100 mil roubados do empresário na entrada da galeria que dá acesso ao BNDES.

Até agora, a conexão mais forte entre a movimentação financeira de Cunha e o duto de suborno da Lava-Jato tinha sido o depoimento do empresário João Henriques, lobista ligado ao PMDB. Após ser preso, ele contou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara, para garantir um contrato da Petrobras relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África.

De acordo com as investigações, o dono do campo de petróleo em Benin, Idalécio de Oliveira, recebeu US$ 34,5 milhões da Petrobras pelo negócio. Idalécio repassou US$ 10 milhões a Henriques. O lobista, então, teria distribuído a propina. Os procuradores dizem que 1,3 milhão de francos suíços foram para uma das contas de Cunha na Suíça em cinco repasses em menos de um mês.

O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Reflita, analise e comente