O mercado financeiro global vive mais um pregão de forte
aversão ao risco, característica que tem sido presente neste início de 2015. A
deterioração dos preços dos petróleo e as incertezas sobre o crescimento da
economia mundial derrubam as Bolsas e fazem o dólar ganhar força ante moedas de
países emergentes. No Brasil, a moeda americana terminou os negócios cotada a
R$ 4,104, alta de 1,2% ante o real, esse é o mairo valor desde os R$ 4,109 de
29 de setembro do ano passado. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), às
17h, registrava recuo de 1,89%, aos 37.371 pontos.
Essa deterioração também está presente em outros
mercados. O DAX, de Frankfurt, recuou 2,82%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris,
caiu 3,45%. O FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 3,46%. As principais
bolsas da Ásia também fecharam em baixa. Nos Estados Unidos, às 15h30 em
Brasília, o Dow Jones caía 3,17%; S&P 500 recuava 2,89%; e Nasdaq, 2,84%.
Após ensaiar uma recuperçaão, o petróleo voltou a ser
negociado em queda, abaixo dos US$ 28. O barril do tipo Brent recua 5,22%, a
US$ 27,26. O preço do leve americano, o WTI, chegou a ser cotado, abaixo de US$
28, no menor nível em 12 anos.A desaceleração da economia mundial, e
principalmente da China, e o excesso de oferta do óleo contribuem para essa
tendência de queda nos preços, que afeta fortemente as ações das empresa
produtoras de petróleo e também as moedas de países exportadores. Além disso,
já se considera um arrefecimento do crescimento dos Estados Unidos
— O petróleo não conseguiu manter a recuperação dos
preços dos últimos dias. Já se fala em uma nova crise no petróleo. Internamente
a Bolsa brasileira perde valor e a área fiscal está fragilizada, então o
investidor redobra a cautela. É um movimento global de aversão ao risco e
atinge mais os países que estão fragilizados — avaliou Cleber Alessie, operador
de câmbio da corretora H.Commcor.
Nesse cenário conturbado, o dólar ganha força ante as
moedas de países emergentes. Internamente, a condução da política monetária
também deve acrescentar volatilidade aos negócios. O “dollar index”, calculado
pela Bloomberg e que leva em conta o comportamento do dólar frente a uma cesta
de dez moedas, sobe 0,11%.
Essa aversão ao risco faz com que os investidores
coloquem seus recursos em ativos considerados seguros. Isso explica a
apreciação do dólar e a queda nas taxas dos títulos do Tesouro americano. Os
com prazo de dez anos estão pagando 1,95% ao ano,
PETROBRAS DESPENCA
Na avaliação de Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de
Investimentos Leandro & Stormer, essa volatilidade nos preços dos ativos
brasileiros irá persistir no curto prazo.
— Esperamos uma forte volatilidade nos próximos dias. Há
uma instabilidade política e econômica grande no exterior. O cenário interno,
nesse movimento, tem pouca relevância para esse movimento. A pressão vendedora
está forte na Europa e isso se reflete no Brasil — disse.
Com o preço do petróleo atingindo as mínimas em 12 anos,
as ações da Petrobras sofrem forte desvalorização. Os papéis preferenciais
(PNs, sem direito a voto) da estatal caem 6,86%, cotados a R$ 4,34, menor
patamar desde agosto de 2003. Já os ordinários (ONs, com direito a voto) recuam
4,87%, a R$ 5,85, atingindo valor semelhante ao registrado no início de
novembro de 2003.
Todas as ações mais negociadas da Bolsa e que têm peso
relevante na composição do Ibovespa estão em queda, embora em um ritmo um pouco
menor do que na primeira hora de pregão. As preferenciais da Vale caem 3,12% e
as ordinárias registram desvalorização de 0,87%. No caso dos bancos, os recuos
são de 1,75% no Itaú Unibanco e de 2,02% no Banco do Brasco. Já as ações do
Bradesco estão estáveis.
MERCADO DE JUROS
Internamente, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai
definir a taxa Selic, atualmente em 14,25%. A aposta majoritária era de uma
elevação de 0,5 ponto percentual, mas desde a declaração de Tombini aumentou a
probabilidade de uma elevação menor. No mercado de juros, os contratos com
vencimento no curto prazo têm um leve recuo e, os mais longos, sobem.
Segundo dados da BM&F Bovespa, os contratos com
vencimento em janeiro de 2017 caem a 15,145%, ante os 15,35% da abertura. Já os
de janeiro de 2012 sobem de 16,71% para 16,77% - mas na máxima chegou a 17%.
O Globo
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