Após perder quase 1 milhão de
assinantes desde 2014, as operadoras decidiram centrar fogo naquela que
consideram sua nêmesis e culpada maior da fuga de clientes: a empresa Netflix,
serviço de streaming que oferece na internet filmes e programas variados.
As operadoras acionaram um
megalobby em Brasília, que vai atuar em várias frentes:
1- Querem que a Ancine exija
da Netflix o pagamento da Condecine (taxa em torno de R$ 3.000 por cada filme
do catalogo);
2- Querem que o governo
obrigue a empresa a ter pelo menos 20% de produção nacional em seu inventário;
3- Defendem que todos os
Estados da federação passem a cobrar ICMs das assinaturas (leia-se: dos
clientes);
4- Estudam uma forma de cobrar
ou da Netflix ou de assinantes de banda larga uma taxa “extra” quando o cliente
usar streaming; a justificativa é que o serviço “consome muita banda larga”.
Pode não parecer, mas, com
exceção da última –mais difícil de ser imposta e possivelmente ilegal– a pior
das medidas acima, se de fato implantadas, seria a obrigatoriedade de a Netflix
disponibilizar 20% de conteúdo nacional.
Isso porque a maior
fornecedora de conteúdo nacional hoje é o Grupo Globo, que se recusa a fazer
parceria com a empresa. A Band, “parceira” histórica da Globo no esporte,
também tem se recusado a conversar com a empresa estrangeira.
Outro problema é que
produtoras menores que aceitassem fazer parceria poderiam ser “boicotadas”
pelos canais do Grupo Globo (mais de 35 na TV paga).
Ou seja, a Netflix teria de
fazer parceria rápida com emissoras como SBT, Record e RedeTV!
Além disso, se o serviço de
streaming tiver de oferecer 20% de conteúdo nacional, o conteúdo estrangeiro
total causaria diminuição radical do acervo –para obedecer a proporção.
A Netflix não revela o tamanho
de seu acervo disponível no Brasil. Nos 160 países em que se encontra hoje,
entre filmes, programas e capítulos de seriados e séries, estima-se que haja um
milhão de peças.
DERROCADA
Em dezembro de 2014, as
operadoras somavam quase 20 milhões de assinantes no Brasil. Em dezembro esse
número havia caído para quase 19 milhões.
Enquanto as operadoras cobram
pacotes que variam de R$ 70 a mais R$ 300 (a média nacional de mensalidade
estimada por assinante é de R$ 166), a Netflix oferece filmes e programas por
mensalidades de R$ 19,90 e R$ 29,90 (qualidade HD).
As ações da Netflix são
negociadas na Bolsa nos EUA e tiveram valorização de quase 140% (em dólar) no
ano passado.
No Brasil estima-se que a
empresa tenha algo próximo de 4 milhões de assinantes e tenha faturado mais de
R$ 1 bilhão no ano passado (cerca de US$ 250 milhões).
Não se sabe a audiência ou
consumo da Netflix no Brasil ou em outros países porque a empresa não
disponibiliza seus dados para empresas como a Kantar Ibope.
Se as operadoras tiverem
sucesso em fazer a empresa pagar as taxas de Condecine, no entanto, o acervo da
Netflix no país deixará de ser oculto.
UOL
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