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No Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ,
pesquisadora estuda o zika - Domingos Peixoto / O Globo
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Desde o ano passado, o Brasil
já registrou 3.893 casos suspeitos de microcefalia relacionados ao vírus zika,
distribuídos por 764 municípios de 21 unidades da federação. Entram na conta
tanto os casos confirmados como os descartados. Ao todo, são 3.381 notificações
ainda em investigação, 224 em que há forte indicação de que é realmente zika,
seis em que foi comprovada a presença do vírus, além de 282 casos já
descartados. Os dados fazem parte de boletim divulgado nesta quarta-feira pelo
Ministério da Saúde.
Os números estão atualizados
até o dia 16 de janeiro. No boletim anterior, divulgado na terça-feira da
semana passada, eram 3.530 casos suspeitos ao longo de 2015 e primeiros dias de
2016. Em todo o ano de 2014, tinham sido registrados 147 casos suspeitos de
microcefalia. O Ministério da Saúde também informou que, entre os seis bebês
com microcefalia com exame laboratorial positivo para zika, o último a ter
confirmada a relação com o vírus é de Minas Gerais.
O número de mortes de bebês em
que houve confirmação da contaminação pelo vírus não se alterou em relação à
semana anterior e permanece igual a cinco. São quatro casos no Rio Grande do
Norte e um Ceará. Há outros 44 óbitos sendo investigados, distribuídos por
Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A microcefalia é uma
malformação em que os bebês nascem com a cabeça menor do que o tamanho normal
e, em geral, está associada a retardo mental. O Ministério da Saúde comprovou a
relação da epidemia da doença, que atinge principalmente o Nordeste, com o
vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor de outras
duas doenças: dengue e chikungunya. Os sintomas da febre zika são manchas
vermelhas na pele, febre intermitente, conjuntivite, dores nas articulações,
nos músculos e de cabeça. Mas em alguns casos, ela é assintomática, ou seja, a
pessoa infectada não apresenta sintomas.
O estado de Pernambuco
continua sendo o que tem o maior número de casos suspeitos: 1.306. No último
boletim, eram 1.236. Em seguida vêm outros do Nordeste: Paraíba (665), Bahia
(496), Ceará (216), Rio Grande do Norte (188), Sergipe (164) e Alagoas (158).
Depois aparecem Mato Grosso (134 casos suspeitos) e Rio de Janeiro (122).
Apenas seis estados não têm casos suspeitos: Acre, Amapá, Amazonas, Paraná,
Rondônia e Santa Catarina.
Segundo o Ministério da Saúde,
a taxa de registro de novos casos diminuiu nas últimas semanas de 2015. Em
2016, começou a subir, mas depois caiu de novo. Para o diretor de Vigilância de
Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, esses
números não refletem necessariamente o que acontece no mundo real. Mas ele
acredita que já possa estar ocorrendo uma tendência de queda.
— Essa grande queda nas
semanas 51 e 52 (as duas últimas semanas do ano) é uma queda artificial de
Natal e Ano Novo. Mas parece que já se observa uma tendência de declínio na Região
Nordeste. A gente vai precisar observar durante um tempo para ver se confirma e
se mantém também — disse Maierovitch.
Segundo o Ministério da Saúde,
há transmissão autóctone do vírus zika em 20 unidades da federação. Isso
significa que a doença é transmitida dentro do próprio estado, e não trazida
por alguém que se contaminou em outro local. Integram a lista: Alagoas,
Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins.
A Secretaria de Saúde de Goiás
também já confirmou transmissão autóctone, o que eleva a lista para 21 estados.
Além de Goiás, apenas Acre, Amapá, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Sergipe não estão na lista. Isso não quer dizer necessariamente que
o vírus não tenha circulado nesses lugares, apenas que não houve comprovação
laboratorial. Como o zika provoca sintomas parecidos com o de outras doenças,
como a dengue e a febre chikungunya, e muitas vezes é assintomático (ou seja,
sequer há sintomas), não é possível descartar esses estados com segurança.
Segundo a Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas), há transmissão autóctone do vírus zika em 15
países do continente - Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El
Salvador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, México, Panamá, Paraguai,
Suriname e Venezuela - e cinco territórios - Guadalupe (França), Guiana
Francesa, Martinica (França), Porto Rico (Estados Unidos) e São Martinho
(França). Até novembro, a transmissão autóctone tinha ocorrido apenas em quatro
países ou territórios da região. Fora da América, Cabo Verde (na África) e a
Polinésia Francesa (na Oceania), entre outros lugares, também já registraram
circulação do vírus.
O Globo
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