Romero Jucá é um dos
articuladores do
acordo de “união” entre PMDB e PT
(Foto: Ana Volpe/Agência
Senado)
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Cotado para assumir o segundo
posto de comando do PMDB a partir de março, o senador Romero Jucá (PMDB-RR),
ex-líder no Senado dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), considera que o processo de
impeachment de Dilma não perdeu força. Em entrevista, Jucá ressaltou que em
política nada está morto e os desdobramentos de um possível afastamento da
presidente serão consequência de uma conjuntura.
Um dos articuladores do acordo
de “união” realizado entre a bancada do PMDB do Senado e o vice-presidente
Michel Temer, Jucá defende que o partido marque suas diferenças com o PT. Para
ele, o PMDB não pode se limitar a ser “o partido governabilidade” e deve
investir em bandeiras que estejam articuladas com a realidade. Em relação aos
avanços no Congresso de propostas polêmicas com a recriação da CPMF, o
peemedebista ressalta que a discussão da criação de impostos não pode ser
separada da de corte de despesas pelo governo.
Sobre a Lava Jato, na qual é
alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, diz que seus efeitos serão
perceptíveis nas eleições municipais deste ano, mas que a operação não deve
servir de base para as negociações políticas. Ele é investigado na operação por
lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva, acusações das
quais ele nega envolvimento.
Distância
O peemedebista afirma que o
partido quer marcar as “diferenças” dos outros partidos. “Temos diferenças com
o PT. Podemos ter equidades, mas temos diferenças também e isso tem que ficar
claro para que efetivamente a leitura da população seja justa. Não podemos
pagar por erros que não são nossos e não podemos ter também ganhos de ações que
não são nossas. O nosso balizamento é a população brasileira, é a cobrança das
ruas. Estamos vivendo um outro limiar. Os partidos que não entenderem isso
estarão fora do jogo, virarão um dinossauro e vão desaparecer”, diz.
Jucá avalia que o PMDB tem que
mostrar que é diferente do PT e essa diferença tem que “ficar clara”. “O que se
diz do PMDB é que o partido da governabilidade. Mas governabilidade não tem que
ser bandeira de partido porque você está sendo escada para outro partido
governar. O PMDB tem que ser um partido da educação, da primeira infância, da
qualidade na segurança, na mobilidade urbana. Temos que ter bandeiras que as
pessoas identifiquem como condições para elas ascenderem na vida”, conclui.
Lava Jato
O senador nega que a união com
Temer ocorreu devido ao avanço da Lava Jato sobre o PMDB do Senado e a firma
que “estão sendo feitas as investigações”. “Se alguém tiver culpa tem que
pagar. Houve um processo de investigação de todo mundo, o que é legítimo. Quem
está na vida pública tem que dar explicações. Não há nenhum demérito em ninguém
ser investigado, o demérito é ser condenado”, conclui.
Para Jucá, o avanço da Lava
Jato não terá impacto na governabilidade, pois é “uma questão grave no quadro
político”, mas esse dado não pode ser “o parâmetro para se tocar as questões políticas,
nem de gestão do País”.
Quanto as eleições deste ano,
o senador acredita que os partidos e as figuras que estão nos processos da Lava
Jato já estão “comprometidas”. “Quem tiver com qualquer tipo de problema vai
ter que se explicar. O desgaste já está acontecendo. Em tese, há um desgaste
efetivo mas se vai se prolongar até 2018, não dá para prever”, diz.
CPMF
Sobre a CPMF, Jucá afirma que
o PMDB vai debater a volta do imposto “no bojo das reforma estruturantes”. “A
discussão de aumento de receita não pode ser separada da de corte de despesa,
senão a população não entende e não passa no Congresso. Temos que discutir
corte de despesa, reformas estruturantes e aumento de receita num único pacote
porque eles estão interligados. O governo tem que fazer o dever de casa e
mostrar para a sociedade que tipo de esforço o governo está fazendo para depois
pedir um esforço dela. A questão não é só aumentar imposto, mas reprogramar o
gasto público e alocar essa transição. Como vamos fazer isso? O governo vai ter
que propor”.
Estadão Conteúdo
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