Pesquisadores da Universidade
de Rochester, nos Estados Unidos, criaram um desafio: projetar um habitat
espacial do tamanho de uma cidade, passível de que as pessoas vivam nele
permanentemente, construído com materiais encontrados no próprio Espaço.
Diante do ousado desafio, os cientistas concluíram que os asteroides poderiam
servir como grandes pilhas de materiais e abrigar essas moradias.
O professor de Física e
Astronomia e coautor do estudo, Adam Frank, declarou que os asteroides poderiam
fornecer “um caminho mais rápido, mais barato e mais eficaz para as cidades
espaciais”.
Porém, segundo o estudo, esses objetos espaciais não são tão confiáveis assim, já que eles oferecem pouca gravidade. Para tentar criar alguma gravidade que seja aceitável para a saúde humana, seria preciso esvaziar um asteroide de tamanho decente, e girá-lo como uma estação de anéis, usando força centrífuga. Ou seja, uma cidade em um asteroide só sairia do papel caso o objeto ficasse girando.
Esse sistema só funcionaria
caso o asteroide fosse composto de rocha sólida com alta resistência à tração
em todas as partes. Entretanto, a realidade é outra, pois a maioria dos
asteroides no Sistema Solar não é composta de rocha sólida. Durante a busca por
um objeto para chamar de lar, a equipe descobriu que grande parte dos
asteroides são pilhas mais ou menos gigantes de escombros que são unidas
fracamente por sua própria gravidade mútua.
Diante de tantas variáveis
difíceis de contornar, os astrônomos decidiram que talvez enfiar esses
escombros dentro de um saco gigantesco em forma de cilindro, um pouco maior que
o próprio asteroide, e feito de malha de nanofibra de carbono flexível,
ultraleve e ultra-forte. Essa alternativa, de acordo com o principal autor e
candidato a Ph.D Peter Miklavčič, “seria extremamente leve em relação à massa
dos escombros do asteroide e do habitat, mas forte o suficiente para manter
tudo junto”.
Para saber se a ideia
funcionaria, a equipe decidiu modelar o processo em torno de um pequeno
asteroide, como o Bennu, com um raio de 300 metros. O saco de nanofibra
utilizado seria projetado para se expandir para um raio de cerca de 3
quilômetros com juntas de expansão absorvedoras de energia embutidas em sua
estrutura.
Com toda extensão do asteroide
embrulhada, ele poderia finalmente ser “girado”. Dependendo de como o processo
se desenrolar, a equipe sugeriu utilizar canhões de entulho movidos a energia
solar, presos à superfície externa da rede de contenção, que pegariam pedaços
de escombros de asteroides usando correias transportadoras ou parafusos de
Arquimedes, e os lançariam tangencialmente para o Espaço, criando torque na
maior parte do asteroide dentro.
Para um asteroide do tamanho
de Bennu, a equipe descobriu que seria praticamente possível atualizá-lo dentro
de alguns meses com a gravidade necessária para a criação da cidade. “Com base
em nossos cálculos”, diz Frank, “um asteroide de 300 metros de diâmetro com
apenas alguns campos de futebol poderia ser expandido para um habitat espacial
cilíndrico com 56,9 quilômetros quadrados de área. Isso é mais ou menos do
tamanho de Manhattan.”
Portanto, a conclusão é de que
sim, virar asteroides do avesso em sacos de malha de nanofibra parece uma
maneira viável de criar uma cidade espacial – e uma muito mais barata e
simples, ao que parece, do que se você tentasse lançar todos os seus materiais
da Terra. Claro que seria impossível não levar da Terra os materiais
necessários para povoar a área.
Frank alegou que “ninguém construirá cidades de asteroides tão cedo, mas as tecnologias necessárias para realizar esse tipo de engenharia não quebram nenhuma lei da física”. Talvez essa ideia possa parecer distante, mas com os avanços tecnológicos ela pode estar mais próxima do que parece
Olhar Digital.
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