Da Tribuna do Norte
O Instituto Gestor de Águas do
Rio Grande do Norte (Igarn) suspendeu o uso de águas do Canal do Pataxó –
principal duto que transporta as águas da barragem Armando Ribeiro Gonçalves,
em Itajá. O canal é utilizado por famílias do Vale do Açu para a fruticultura
irrigada. Desde a última semana, o órgão resolveu limitar o fornecimento dos
recursos baseado em denúncias sobre o desperdício e mau uso da água. Um
cadastramento dos moradores foi iniciado ontem (4).
A barragem Armando Ribeiro
Gonçalves é o maior reservatório do Estado, com capacidade de armazenagem de
até 2,4 milhões de metros cúbicos. Segundo último boletim da Secretaria
Estadual de Recursos Hídricos (Semarh), a barragem opera com apenas 30% das
reservas e vazão de 8 mil litros de água por segundo. O efluente é utilizado
para abastecimento de 38 cidades e a manutenção dos perímetros irrigados do
Vale do Açu.
De acordo com o técnico do
setor de outorgas do Igarn, Nelson Césio, a restrição ao uso das águas do Canal
do Pataxó permanece enquanto não for finalizado o cadastramento. “No momento
estamos fazendo apenas o cadastramento dos usuários sobre o uso de cada um,
para assim sabermos qual ação tomaremos. Nenhum morador da região tem outorga”,
justifica. A outorga é o direito concedido pelo Estado para uso dos recursos
hídricos.
O técnico acrescenta que a
restrição surgiu com base de denúncias de moradores de outras regiões, como
Ipanguaçu, de que a água do canal, que deveria perenizar o Rio Pataxó e seus
efluentes, não estava chegando. “A função da água deste canal é perenizar o Rio
Pataxó. O que acontece é que há muitos usuários estavam utilizando a água da
calha e do canal, e assim nem todos tinham acesso. A água é de acesso livre por
todos, mas precisávamos gerir, é preciso racionalizar”, acrescenta.
Reclamações
Entretanto, moradores do
município de Itajá afirmam que o corte foi feito sem aviso prévio ou consenso.
O Igarn, em conjunto com Semarh e Instituto de Desenvolvimento do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema),
destruíram os “cifrões” — sistemas utilizados pelos moradores para retirar água
do canal sem uso da bomba hidráulica.
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