
A nova pesquisa, conduzida no
Hospital para Crianças Doentes da Universidade de Toronto, no Canadá, indica
que quanto mais “tempo de tela”, maior era o risco de os bebês apresentarem
atraso no desenvolvimento da fala.
Média de 27,8 minutos por dia
No estudo, os profissionais
acompanharam mais de mil crianças entre 6 meses e 2 anos de idade atendidas na
instituição entre setembro de 2011 e dezembro de 2015. Destas, 219 (20%) tinham
relatos dos próprios pais de uso de aparelhos com telas a uma média de 27,8
minutos diários. Elas foram então avaliadas seguindo um sistema padrão para
identificar problemas na comunicação oral. E, segundo os pesquisadores, os
resultados da análise apontam que, para cada 30 minutos de “tempo de tela”, os
riscos de a criança ter alguma demora para falar sobem em 49%.
— Os aparelhos portáteis estão
em todos lugares hoje em dia — diz Catherine Birken, líder da pesquisa e
pediatra no hospital canadense. — E embora as novas recomendações pediátricas
sejam limitar o tempo de tela de bebês e crianças, acreditamos que o uso de
smartphones e tablets por elas tem se tornado bem comum. Por isso a importância
deste estudo, o primeiro a relatar associação entre o tempo de tela com estes
aparelhos portáteis e um maior risco de atraso na expressão da linguagem.
Presidente do Departamento
Científico de Adolescência da SBP, a médica Alda Elizabeth Iglesias Azevedo
ficou até assustada com a média de tempo que as crianças canadenses passavam
com os equipamentos eletrônicos, de quase 30 minutos, que classificou como
“absurdo”.
— Temos certeza de que isso
não é saudável, e não é só para a questão da fala. Nesta fase da vida a criança
não está apta a entender o que é virtual e o que é real. Assim, o uso destes
equipamentos também pode atrapalhar o desenvolvimento cognitivo, emocional e o sono
das crianças, além de aumentar o risco de exposição a conteúdos inapropriados
para sua idade.
Opinião similar tem Andrea
Abrahão, fonoaudióloga da empresa Direito de Ouvir.
— Um dos fatores principais
para este prejuízo no desenvolvimento da fala das crianças identificado na
pesquisa é o isolamento social que estes aparelhos provocam — considera. —
Muitos pais têm o raciocínio errôneo de que com estas telas estão estimulando a
criança, mas estes equipamentos não promovem a orientação espacial, nem a temporal
e nem a interação com o outro, e com isso ela fatalmente apresentará problemas.
As crianças precisam se comunicar, verbalizar, errar, serem corrigidas, e os
jogos e aparelhos eletrônicos não dão estas possibilidades — critica.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente