Deu
na TRIBUNA DO NORTE
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MACAU / RN |
A
TRIBUNA DO NORTE foi conhecer detalhes do cotidiano das cidades de Guamaré e
Macau que gastaram, nos últimos quatro anos, cerca de R$ 13 milhões em festas e
shows. Os municípios estão entre os mais ricos do Estado, mas essas riquezas
não são revertidas em melhoria da qualidade de vida de toda população. Muitos
vivem em situação de miséria, sem nenhuma infraestrutura ou acessos a serviços
de educação e saúde.
Nua
e descalça, a pequena Beatriz saciava a fome com um pedaço de “chapéu de
couro”, iguaria conhecida nas regiões mais pobres do Nordeste, feita a partir
de uma mistura de farinha de trigo,
açúcar, ovo e água, frita em fogo brando. No casebre de papelão, o qual divide
com a mãe, o pai e mais três irmãos, o fogão era uma lata de tinta velha,
alimentado por cinzas de carvão. Distante quarenta quilômetros dali, Carla
tratava tainha, numa pia na qual moscas, escamas e água suja se misturavam. Mas
a felicidade em ter o que oferecer aos filhos, ao marido e a si própria, após
um dia de sorte na pescaria, ofuscava qualquer detalhe. Moradoras de Macau e
Guamaré, respectivamente, cidades que somente em 2012 faturaram R$ 64,8 milhões
em royalties oriundos da exploração de petróleo, elas parecem habitar um mundo
paralelo, no qual a única riqueza é a miséria.
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GUAMARÉ / RN |
Não
fosse o contexto no qual estão inseridas Beatriz e Carla, suas histórias seriam
mais duas dentre milhares de brasileiros que vivem na miséria. Elas moram, porém,
em municípios potiguares que gastaram, juntos, R$ 13 milhões em festas,
conforme detalhado pelo Ministério Público Estadual através da Operação Máscara
Negra, que investiga um complexo esquema de utilização de dinheiro público para
a contratação de bandas e artistas locais e nacionais, a preços superfaturados.
Em cidades nas quais o dinheiro não é problema, situações como estas acima
descritas são inimagináveis. Macau aparece em quinto lugar na listagem dos
municípios potiguares com a maior
participação industrial e Guamaré como o quarto maior contribuinte no somatório
das riquezas produzidas no estado potiguar.
“O
caso de Guamaré é clássico. É a maldição da abundância de recursos nos dois
municípios. Parece uma sina. Os gestores não se preocupam com uma qualificada
destinação dos royalties para as áreas da Educação, Saúde e Infraestrutura”,
analisa o chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no Rio
Grande do Norte (IBGE/RN), Aldemir Freire. Das 94 cidades potiguares que
receberam royalties da Petrobras em março passado, Guamaré e Macau despontam na
lista das cinco maiores recebedoras. Entretanto, os investimentos na
infraestrutura urbana e no desenvolvimento social destes municípios, aparentam
ser inversamente proporcionais ao volume arrecadado.
Analfabeta,
Carla Edilza Simão não consegue um emprego formal. “Eu quero trabalhar, mas não
tem emprego. O jeito é ir pescar, tirar búzios, fazer faxina na casa de família.
É uma luta, meu filho, que só a gente sabe”, relata. Moradora do Morro das
Salinas, no subúrbio de Guamaré, ela talvez não saiba o que significa Produto
Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas de um município ou país. Caso
toda a riqueza produzida em Guamaré no ano de 2010 fosse igualitariamente
dividida pelos 12.404 habitantes da cidade, Carla Edilza seria uma das que
receberia R$ 96.358,67 como sua parcela do PIB per capita. Entretanto, a ela
restam R$ 400 do Bolsa Família e cinco filhos para alimentar e vestir.
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