Os juros do financiamento vão passar dos atuais
3,4% ao mês para em torno de 6%, segundo o Estado apurou. Mesmo com a mudança,
a taxa continua abaixo da inflação média dos últimos anos, o que significa que
o programa continuará sendo subsidiado pelo governo.
O ministério quer financiar o estudo de 310 mil
a 350 mil pessoas anualmente nos próximos anos. O ministro da Educação, Renato
Janine Ribeiro, deve anunciar hoje quantas vagas serão oferecidas no segundo
semestre - em 2015 já foram fechados 252 mil contratos. Os novos financiamentos
deverão ser centralizados em um sistema do MEC, a exemplo do que ocorre no
Programa Universidade Para Todos (ProUni) e com as vagas das federais pelo
Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O limite de renda para quem busca o Fies será
reduzido, como o ministro já havia afirmado em entrevistas. Hoje, estudantes
com renda familiar de até 20 salários mínimos (R$ 15.760) podem acessar o
programa, e dados do Fies mostram que a taxa de matrícula dos alunos com mais
de R$ 5 mil de renda foi a que mais aumentou.
Medidas tomadas pelo governo no primeiro
semestre serão oficializadas. Cursos em áreas consideradas estratégicas para o
País, como Engenharia, Saúde e formação de professores, terão prioridade. Os
critérios de qualidade também serão refinados e os cursos com nota 5, índice
máximo na escala de qualidade do MEC, serão privilegiados.
Apesar de o ministério ter trabalhado neste ano
com esses critérios, eles não haviam sido oficializados. As regras do Fies
definem quais cursos com notas a partir de 3 podem participar.
Limites
No ano passado, o Fies teve 732 mil novos
contratos, chegando a um volume acumulado de 1,9 milhão de alunos no programa.
O gasto com o programa ultrapassou os R$ 13,7 bilhões. Com o esfriamento da
economia, o governo tomou uma série de medidas restritivas já no fim do ano
passado como forma de economizar com o Fies. Limitou o número de contratos,
impôs desempenho mínimo no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para os
interessados e estipulou teto de 6% para o reajuste das mensalidades.
As mudanças de agora alteram as regras
decididas em 2010 e que permitiram a popularização do programa. Reportagens
publicadas pelo Estado desde fevereiro revelaram que, apesar desse aumento de
contratos e custos, o ritmo de matrículas no ensino superior caiu. Muitas
instituições particulares passaram a incentivar alunos já matriculados a não
pagar a mensalidade e entrar no Fies. Com isso, o valor médio das mensalidades
subiu. Em março, a presidente Dilma Rousseff admitiu que o governo
"errou" com o Fies ao permitir que o controle das matrículas ficassem
nas mãos das instituições privadas. As mudanças atuais foram pactuadas com
representantes das instituições ontem à tarde.
OAB protesta contra cortes nas universidades
São Paulo (AE) - A Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) contra o
corte de 47% em investimentos nas universidades federais em 2015. No documento,
enviado na segunda-feira, 22, a entidade pede providências da
Procuradoria-Geral da República para livrar o orçamento das instituições do
ajuste fiscal do governo federal. A medida só foi noticiada ontem.
Como o jornal O Estado de S.Paulo mostrou na
semana passada, a redução representa cerca de R$ 1,2 bilhão a menos para gastos
com obras e compra de equipamentos - de R$ 2,59 bilhões previstos para esse
tipo de despesa. O corte foi confirmado pelo Ministério da Educação (MEC)
somente neste mês.
A pasta informou que discutirá com os gestores
de cada uma das 63 federais sobre quais investimentos serão preservados. A
ideia é terminar obras já em andamento e privilegiar projetos de cursos que já
funcionam. No orçamento de custeio, as instituições poderão usar 4% a mais do
que foi reservado para gastos (empenhado) durante 2014, segundo o ministério.
No ofício, a OAB sugere ao Ministério Público
Federal uma recomendação ou um Termo de Ajustamento de Conduta com o MEC para
reverter os cortes. O risco, segundo o documento, é "desperdiçar uma
geração de brasileiros que pretende participar da construção de uma nação justa
e próspera". O pedido é assinado pelo presidente do conselho federal da
Ordem, Marcus Coelho. A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal
informou que o ofício chegou ao órgão na quarta-feira, 24. A solicitação da OAB
ainda será analisada.
Na UFRN, o MEC propõe corte de 50% nos
investimentos e de 10% no custeio neste ano. Duas outras instituições serão
atingidas no RN: a Ufersa teme perder 46% e o IFRN R$ 21 milhões. O
anúncio definitivo é esperado para o próximo mês.
AE
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