
Nildinho, segundo o MP, foi o principal alvo da
operação ‘Pedra Sobre Pedra’, deflagrada no início da manhã desta quinta-feira
(25) na região Oeste e Grande Natal. O objetivo da ação, que cumpriu 11
mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em Caraúbas e Apodi, na região
Oeste do estado, e em Nísia Floresta e Natal, na região Metropolitana da
capital, "é desarticular organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas,
roubos e homicídios, que atua notadamente em Apodi", afirmou o MP.
Ainda segundo o MP, Nildinho cumpre pena no
Presídio Rogério Coutinho Madruga, unidade que também é conhecida como Pavilhão
5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, a maior do sistema prisional potiguar.
"O preso estruturou toda uma rede organizada para aquisição, transporte,
armazenamento e revenda de drogas", acrescentou.
Em uma das gravações, Nildinho conversa com
alguém sobre a possibilidade de comprar armas. A pessoa, que não é identificada
no áudio, diz que pode conseguir algumas peças. No linguajar dos presos, ‘peça’
significa ‘arma’, assim como ‘ferro’. “Ei se aparecer uns ferrozinho (armas)
daquele jeito lá...”, propõe o homem do outro lado da linha. “Tá massa. Vai
aparecer, vai aparecer”, diz o preso. O homem, ao perceber o interesse, propõe
um outro negócio: “Um boy tem uma peças alí pra vender. E o boy quer trocar em
fumo as peça”. “Homi,cadê?”, pergunta Nildinho, já de imediato. “Agora a peça é
cara, é uma peça cara porque é uma peça irada. É uma 40 Glock”, responde a
pessoa, se referindo ao calibre e à fabricante da arma, no caso uma pistola
Glock calibre .40. “É cinco conto (R$ 5 mil). Agora é uma peça nova, viu?”,
acrescentou. “E é? Tem como eu ver a foto não, pelo WhatsApp?”, quer saber
Nildinho, mais uma vez demonstrando bastante interesse na arma. “Não. Eu vou
ver alí, porque eu não tenho a foto ainda não. Mas ele disse que troca em
quatro peças e meia de fumo”, respondeu o homem, já utilizando a palavra ‘peça’
como se estivesse se referindo a tabletes de maconha. Comumente, os traficantes
embalam a droga em tabletes que pesam 1 quilo cada. Segundo a Polícia Civil,
cada tablete é vendido, em média, a R$ 1 mil.
Agentes penitenciários do Pavilhão 5 fazem
buscas na cela do preso apontado como líder do esquema
Em outro trecho das gravações, dois homens
discutem justamente sobre a pesagem da droga. Um deles é Nildinho. O outro, um
traficante que está nas ruas. O preso questiona o peso e dá uma bronca no
traficante: “Ei, esse homem é doido, é?”, provoca. “O que foi?”, se surpreende
o traficante. “Tá passando aí 1 quilo e 65 gramas, 1 quilo e 135 gramas. Presta
atenção”, repreende o preso. “Espera aí que eu vou conferir aqui bem
direitinho”, diz o traficante. Em meio ao bate-boca, o preso avisa que mandou
fotos para o celular do traficante, para que ele confira que errou na pesagem:
“Chegou a foto aí, chegou a foto aí agora?”, pergunta. O traficante responde:
“Chegou ainda não”. Já enfurecido, Nildinho emenda: “Chegou. Você tá on line,
olha aí!”.
Além de Nildinho, o MP informou que foram
decretadas as prisões de Emerson Gustavo Torres Gomes, Gilderlanio Maia de
Freitas, Marciano Pinheiro da Silva, Maria Ivoneide de Lima, João Jocenilton de
Moraes Fernandes, Alberto César do Carmo, Antonio Jakcson da Costa Torres,
Josemberg Rozendo Varela, Vinicius Maia da Silva, Francisco Célio da Silva
Leite, Maria Edna Duarte de Oliveira e Ubiranira Rozalina Carias de Oliveira.
Operação Pedra Sobre Pedra
A operação 'Pedra Sobre Pedra' foi coordenada
pelo Ministério Público, que contou com o apoio da Polícia Militar e Polícia
Rodoviária Federal. Aconteceu logo nas primeiras horas da manhã desta
quinta-feira (25), dando cumprimento de 13 mandados de prisão e 11 de busca e
apreensão nas cidades de Caraúbas e Apodi, na região Oeste do estado, e em
Natal e Nísia Floresta, na região Metropolitana da capital.
Segundo o MP, mesmo encarcerado, José Jocenildo
de Morais Fernandes é apontado como líder do tráfico de drogas, tráfico de
armas e assaltos em várias cidades da região Oeste potiguar. "O preso
estruturou toda uma rede organizada para aquisição, transporte, armazenamento e
revenda de drogas", afirmou.
Vasta ficha criminal
De acordo com o Ministério Público, Nildinho é
amplamente conhecido no meio policial. "Ele já fugiu algumas vezes do
sistema penitenciário sendo denunciado a primeira vez como um dos autores do
homicídio do agropecuarista Vicente Veras e do motorista Erimar Bezerra Alves,
ocorrido na Comarca de Campo Grande em maio de 2003. Na ocasião, cometeu o
crime juntamente com José Valdetário Benevides Carneiro e outros, sendo
condenado à pena de 37 anos e 6 meses de reclusão".
Ocorre que Nildinho, ainda segundo o MP, não
chegou a cumprir a condenação, pois conseguiu fugir da cadeia onde estava
recolhido. "Foi preso novamente em novembro de 2011. Na época estava
atuando na explosão de caixas eletrônicos. Mais uma vez, porém, conseguiu
escapar da cadeia. Voltou a ser preso por Policiais do BPChoque em setembro de
2013, na Avenida Roberto Freire, em Natal, com identidade falsa",
acrescentou.
Por fim, o MP disse que desde 2013 detido no
Pavilhão 5 de Alcaçuz, Nildinho passou a se dedicar ao tráfico de drogas e,
"com o auxílio da esposa e de um irmão, além dos investigados acima
nominados, estruturou uma rede para o tráfico de drogas em sua cidade de
origem, Apodi, tendo afastado outros traficantes que atuavam na área, de modo a
transformar Apodi no seu reduto do crime".
Interrogatório
José Jocenildo foi interrogado na manhã desta
quinta-feira por integrantes da comissão de Promotores de Justiça encarregada
das investigações. "O preso negou todos os crimes que lhe são atribuídos.
Em razão do envolvimento nos crimes investigados, o detento foi transferido
para o isolamento da unidade prisional", concluiu.
Operação Alcatraz
A operação 'Alcatraz' foi deflagrada no dia 2
de dezembro do ano passado e cumpriu 223 mandados de prisão em 15 cidades
potiguares e também nos estados da Paraíba, Paraná e São Paulo. Destes, 154
foram contra pessoas já encarceradas. Ao todo, 161 pessoas já foram denunciadas
pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por suspeitas de crimes de
tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa – todas
elas, segundo as investigações, associadas com duas facções que estariam
ditando regras e comandando diversos crimes de dentro dos presídios do estado.
As duas facções, de acordo com as denúncias,
surgiram a partir de uma organização criminosa que nasceu em São Paulo. No dia
7 de dezembro o 'Fantástico' exibiu gravações que mostram como esta facção
vende drogas no Nordeste.
As denúncias feitas até agora apontam a
existência de organizações criminosas dentro do sistema penitenciário estadual
desde 2003. Na ocasião, "diversas fontes" relataram ao MP a
existência de uma facção dando as ordens na Penitenciária João Chaves, na Zona
Norte de Natal. Desativada em 2006, a unidade ficou conhecida como
"Caldeirão do Diabo".
G1 RN
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