A Polícia Civil indiciou três pessoas pelo
vazamento de fotos e vídeos em redes sociais do momento em que o corpo do
cantor Cristiano Araújo, que morreu em um acidente de carro na BR-153, em
Goiás, era preparado para o sepultamento. De acordo com o delegado Eli José de
Oliveira, do 4º Distrito Policial de Goiânia, elas vão responder pelo crime de
vilipendiar cadáver (desrespeito ao corpo), com pena que vai de um a três anos
de prisão.
“São os dois funcionários da Clínica Oeste,
onde o corpo foi preparado, e uma terceira pessoa que foi a responsável por
divulgar as imagens”, disse Oliveira ao G1.
“A Márcia disse que o Marco só percebeu que ela
estava gravando quando já estava no meio da filmagem, mas não a impediu.
Depois, ela mandou esse vídeo para o Leandro, que estuda com ela, e foi ele
quem postou nas redes sociais”, explicou Oliveira.
Em uma das fotos, o cantor aparece com
hematomas no rosto e, na outra, ele está com o terno que vestia quando foi
sepultado. Já o vídeo mostra o processo de preparação do corpo.
“Nos depoimentos tanto o Marco quanto a Márcia
ressaltaram que a gravação foi um ato impensado, mas ambos assumiram que sabiam
do regimento interno da clínica em que trabalham que impede o registro de
imagens dos cadáveres. Por isso, a clínica não deve ser responsabilizada. A não
ser que os familiares entrem com ação na Justiça”, destacou o delegado.
Oliveira ressaltou que inquérito sobre o caso
já está em fase final de conclusão. A sócia-proprietária da clínica, Laurinete
Menezes Oliveira, também foi ouvida pelo delegado. “Ela ressaltou que todos os
funcionários assinam o termo, que os responsabiliza pelos atos”.
Na manhã desta sexta-feira (26), a assessoria
de imprensa da Clínica Oeste confirmou ao G1 que os funcionários já foram
demitidos.
Em nota, o estabelecimento afirmou que repudia
a ação dos empregados. “A Clínica Oeste existe há quatro anos e reitera seu
compromisso com a ética, a transparência, o zelo pela prestação do serviço e o
respeito às famílias, e se solidariza com todos os que, como ela, repudiam tal
ato”, destacou o texto.
Na quinta-feira, o diretor de comunicação do
cantor Cristiano Araújo, Rafael Vannucci, disse que os advogados que cuidavam
da carreira do artista irão analisar o vazamento nas redes sociais de fotos e
vídeo feitos durante a preparação do corpo para o velório e o sepultamento. Ele
explicou que ainda não viu as imagens, mas que já ouviu comentários sobre o
caso.
“O escritório do Cristiano Araújo, o CA
Produções Artísticas, vai analisar os fatos e zelar pela imagem dele mesmo após
a sua morte. Vamos tentar agir da melhor forma possível, mas a decisão de fazer
qualquer coisa é da família”, explicou.
Instituto Médico Legal
Ao G1, o médico legista Peterson Freitas
Moreira, diretor clínico do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, disse que
os registros não foram feitos dentro do órgão. Ele, inclusive, disse estar
“indignado” com a situação.
“Isso é um absurdo. Ficamos sabendo do
vazamento há poucas horas. O vídeo não foi feito aqui. Os dois funcionários que
aparecem não trabalham no IML. Além disso, no caso das fotos, não somos nós
quem vestimos os corpos”, enfatizou.
O médico explicou ainda que, no caso do
sertanejo, foi necessário analisar o corpo, mas nenhum órgão foi retirado. Ele
revela que participou da necropsia de Cristiano com mais dois profissionais e
que nenhum estava com celulares. Além disso, um policial fazia a segurança da
sala.
Segundo Peterson, em alguns casos, é preciso
fotografar o corpo como forma de comprovar laudos e documentos. Porém, isso é
feito de forma profissional e somente para interesse do IML. “Se um servidor
age desta forma, ele tem que responder um processo administrativo, podendo até
ser expulso do órgão”, informa.
Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança
Pública e Administração Penitenciária já havia informado que a Polícia Civil já
concluiu que as imagens não foram feitas no IML e aponta que o local onde o
vídeo foi feito pode ser a sala de um estabelecimento de preparação de corpos
para velório e sepultamento.
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