
A fidelidade de deputados a
Cunha se justifica por motivos diversos. Vão desde o receio de serem expostos;
passam pela dívida de gratidão por ele ter ajudado financeiramente em
campanhas, dado relatorias de projetos importantes e por ter acatado o
impeachment de Dilma Rousseff; e chegam até a amizade e sociedade em
empreitadas.
Apesar da força que demonstrou
na última semana, no Palácio do Planalto há a avaliação de que se acelerou o
processo de perda de musculatura do deputado desde que ele foi afastado. E
também que os atores que hoje atuam influenciados por Cunha passarão a pensar,
cada vez mais, nas próprias histórias e respectivas sobrevivências. A
tendência, para auxiliares do presidente interino, é que os “generais de
Cunha”, como se referem aos deputados André Moura (PSC-SE), Jovair Arantes
(PTB-GO), Rogério Rosso (PSD-DF) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), passem a se
afastar do comandante da tropa.
— Na medida em que se estreita
a possibilidade de Cunha voltar à Câmara, cada um desses aliados tem mais ganas
de sentar na cadeira dele. Quando esse espaço for ocupado, a força dele perde
pelo menos mais 50% da potência que já teve — afirma um interlocutor de Temer.
São esses “generais” os
responsáveis pelo leva e traz de Cunha ao Planalto nos últimos dias. Segundo
relatos de auxiliares de Temer, esses deputados fizeram todo o movimento para
emplacar aliados de Cunha no governo. A operação começa na residência oficial
da presidência da Câmara, onde Cunha vive e despacha diariamente, e que é
frequentada pelos aliados como se de seu gabinete político se tratasse. Os
deputados coletam as informações com o peemedebista e as levam ao Planalto e
para os demais deputados de suas bancadas.
IRA CONTRA PLANALTO
Alguns do governo acreditam
que, com as afrontas aos seus investigadores, Cunha vai acabar sendo preso. E o
que o governo não quer é ser responsável por isto e ver a ira dele se voltar
contra o Planalto. Portanto, a ordem, no momento, é atendê-lo no que for
possível para evitar ataques. Exemplo disto foi a escolha de André Moura para a
liderança do governo. Apesar de ter aceito a indicação de Cunha, aliados de
Temer são enfáticos:
— André Moura é líder do
governo até quando estiver servindo ao governo. E, pragmático como é, Cunha não
vai nos prejudicar. Se tem alguém que pode acolhê-lo politicamente é a base do
governo, que é comandada, obviamente, pelo governo. Para ajudá-lo, o governo
pode oferecer aos deputados cargos, emendas, liberação de obras. Ele sabe que
entrar numa disputa com o Planalto, desta vez, não é uma boa — diz fonte
próxima Temer.
Apesar de dizer que não
indicou “nem um alfinete” para o governo Temer, vários aliados de Cunha
ingressaram no coração do novo governo. Cunha, no entanto, nega estar exercendo
qualquer influência sobre o governo e diz que não há o que temer.
— Não estou exercendo qualquer
influência em nada. E ninguém tem motivos para qualquer temor porque não tenho
nada para expor de nenhum deputado. Amizade, eu tenho muitas. Fui eleito por
maioria absoluta em primeiro turno e contra o governo em início de mandato —
afirmou ao GLOBO, por meio de mensagem.
O Globo
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