As Secretaria de Justiça e
Cidadania e de Segurança do Rio Grande do Norte divulgaram nesta quarta-feira
(25) que pelo menos 56 presos fugiram da Penitenciária de Alcaçuz desde a
rebelião que deixou 26 detentos mortos no sábado (14). Quatro deles já foram recapturados.
O número foi divulgado após
uma recontagem dos presos na operação de intervenção e retomada do controle da
penitenciária realizada nesta terça (25) com participação de policiais
militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de
Choque (BPChoque) e de agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais
(GOE).
Segundo as secretarias, o
número de fugas pode ser maior, já que alguns presos não responderam à chamada
realizada nesta terça e podem estar ausentes do presídio em razão de alvarás de
soltura. A Sejuc ainda vai cruzar os dados para confirmar as informações.
"Nada do que aconteceu
nesses dias em Alcaçuz é privilégio do Rio Grande do Norte. Isso já vem
ocorrendo em outros estados e é possível que acontece em mais. Mas nós
trabalhamos de forma integrada para controlar a situação o mais rápido possível",
disse o secretário de Justiça e Cidadania do RN, Wallber Virgolino.
Além dos foragidos, dez presos
estão em hospitais. O Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) também
confirmou a morte de 26 presos nas rebeliões. Segundo o Itep, a expectativa é
que não sejam encontrados mais corpos de presos mortos na penitenciária.
A polícia havia confirmado a
morte de 26 detentos, no entanto, membros como braço e cabeça foram encontrados
dias depois. Por isso, acreditava-se que o número e vítimas poderia aumentar.
Segundo Marcos Brandão,
diretor do Itep, o instituto está coletando material para enviar para Salvador
para a realização de exames de DNA. Já duas cabeças que haviam sido encontradas
pertenceriam a presos que já estavam na contagem de mortos da rebelião e cujos
corpos foram devolvidos às famílias sem a cabeça.
Nesta quarta foi feita uma
limpeza na área externa ao presídio. A ação acontece após a descoberta de
quatro túneis nos últimos dias e faz parte das medidas de segurança anunciadas
pelo secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte,
Caio Bezerra.
Um trator foi usado para
retirar mato da área. De acordo com a Sesed, será colocada uma cerca na área
externa de Alcaçuz, equipada com sistema de alarme e afastada 50 metros do muro
da penitenciária. O objetivo é manter um perímetro de segurança para evitar
entrada de armas, drogas e outros ilícitos arremessados de fora para dentro.
No domingo (22), a Força
Nacional encontrou dois túneis na área externa de Alcaçuz. No dia seguinte,
outra escavação foi achada e, nesta terça-feira (24), mais uma. No total, desde
que tiveram início as rebeliões em Alcaçuz, no dia 14 de janeiro, a Força
Nacional encontrou oito túneis durante patrulhamento na área.
O secretário Caio Bezerra
anunciou ainda medidas que serão tomadas nos próximos dias para tentar retomar
o controle de Alcaçuz e que, segundo ele, começam imediatamente. Agentes
penitenciários federais e de quatro estados vão ajudar nessas ações.
Veja as medidas anunciadas:
- reparos nos pavilhões 2 e 3,
que serão fechados, de modo a trazer todos os presos para eles e deixar
separados os do pavilhão 5;
- colocar cerca externa com
sistema de alarme afastada 50 metros do entorno de Alcaçuz, para ter um
perímetro de segurança para evitar entrada de armas no presídio;
- executar uma obra de
eclusas, portões coordenados, abertos e fechados, para garantir entrada de
forças policiais no pavilhão 5;
- reparar as guaritas
interditadas;
- implantar sistema de
videomonitoramento;
- realizar a limpeza da
vegetação no entorno;
- concluir o muro interno que
separa o pavilhão 5 dos demais para manter os grupos rivais afastados;
- realizar o concretamento na
base da murada para dificultar a escavação de túneirs;
- concluir a iluminação externa.
Alcaçuz fica em Nísia
Floresta, cidade da Grande Natal. Com capacidade para 620 presos, a unidade
possui atualmente 1.150 detentos. A grande maioria dividida em duas facções
criminosas. De um lado o PCC. Do outro, o Sindicato do RN, dissidente da facção
que nasceu nos presídios de São Paulo.
Divisão
Na área dos pavilhões 4 e 5
estão membros do PCC. Do outro, nos pavilhões 1, 2 e 3, estão detentos que
fazem parte do Sindicato do RN. Na intenção de conter a violência, um muro de
contêineres foi posicionado no sábado (21) para dividir as facções, eles serão
substituídos por um de concreto de 90 metros de extensão. Segundo o governo, a
construção do muro permanente levará 15 dias.
G1RN
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