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O ex-ministro Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN) e sua mulher, Laurita Arruda
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A Polícia Federal suspeita que
o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) tenha comprado joias para lavar
dinheiro oriundo de propinas pagas por empreiteiras.
A informação consta no
relatório da PF que serve como base para a denúncia do MPF (Ministério Público
Federal) contra Alves e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por
envolvimento em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa investigada na Operação Manus, deflagrada no último dia 6 de junho e
que deriva da Operação Lava Jato.
Obtido pelo UOL, um dos
relatórios da PF sobre o caso aponta que "resta fortalecida a tese de que
a compra de joias (inclusive pagas em cash) pode ser uma das formas que
Henrique e Laurita [mulher do ex-deputado] tenham eleito para realizar a
lavagem do dinheiro proveniente das doações aqui investigadas".
Alves e Cunha, que já
presidiram a Câmara de Deputados, são acusados de receber pelo menos R$ 11,5
milhões em propinas de empreiteiras. Cunha está preso em Curitiba e já tem uma
condenação na Lava Jato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de
divisas por contratos na África. Alves, preso preventivamente, encontra-se
atualmente custodiado na Academia de Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Ministro do Turismo de Dilma e
de Temer, Alves pediu demissão do cargo em junho de 2016, após ter seu nome
citado na delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Ele foi
apontado como recebedor de propina de R$ 1,55 milhão entre os anos de 2008 e
2014.
Compra e exposição irregular
de joias
Os agentes da PF analisaram
duas situações que reforçam a suspeita que o ex-deputado cometeu lavagem de
dinheiro por meio de compra de joias.
Um dos indícios é uma nota
fiscal emitida pela joalheria H.Stern no valor de R$ 15.400 em nome de Laurita
Silveira Dias de Arruda Câmara, jornalista e mulher de Henrique Alves. "A
forma de pagamento disposta no cupom fiscal da compra denota a utilização de
formas incomuns de pagamento para valores altos ('crediário' e 'outros'), em
detrimento de cartão de crédito ou débito", afirma a PF.
No último mês de abril,
executivos da H.Stern firmaram acordo de delação premiada com o MPF, depois que
foi constatada a venda de joias sem nota fiscal ao ex-governador do Rio Sergio
Cabral (PMDB-RJ) e sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo.
A outra situação que reforçou
a suspeita dos agentes da PF foi uma conversa entre Laurita e uma funcionária
da joalheira Carla Amorim a respeito da conversa da compra de um anel, ocorrida
em maio deste ano. Dois meses antes, a mulher do ex-deputado tentou realizar um
evento em Natal, com o objetivo expor e comercializar uma coleção joias dessa
mesma joalheria sem a apresentação das notas fiscais dos referidos produtos. As
joias foram apreendidas pelo Fisco do Estado do Rio Grande do Norte.
"Ocorre, entretanto, que
não existia empresa constituída para comercialização das peças e as joias não
possuíam nota fiscal, burlando desta forma o Fisco estadual e federal, tendo
sido apreendidas", diz a PF.
Lavagem de dinheiro
Em sua denúncia, o MPF afirma
que Henrique Alves utilizou "empresas de familiares, aliados políticos e
de fachada foram usadas para justificar, ocultar e dissimular, em prestação de
contas eleitoral, a utilização de recursos de origem e destinação ilícitas da
campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014". O esquema de
lavagem operou entre julho de 2014 e fevereiro de 2015. A denúncia, que foi
entregue à Justiça Federal na terça-feira (20), também acusa outras quatros
pessoas pelo esquema.
A defesa do deputado federal
Henrique Eduardo Alves afirmou que soube da denúncia pela imprensa, se
inteirará dela e se pronunciará posteriormente. A respeito do relatório da PF,
o advogado Marcelo Leal disse que não teve acesso ao documento e por isso não
teria como se manifestar.
Procurada pela reportagem, a
assessoria de imprensa da H Stern disse que não comentaria o assunto. O UOL
telefonou e enviou e-mail para assessoria da joalheria Carla Amorim, mas até o
presente momento não obteve resposta.
UOL
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