O economista Paulo Guedes,
indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Fazenda,
negou nesta terça-feira (30) que planeje usar as reservas internacionais do
país, a não ser no caso de um "ataque especulativo" que faça o dólar
atingir o patamar de R$ 5.
Reportagem publicada pelo
Valor Econômico afirma que, em reuniões internas da equipe do presidente
eleito, Guedes teria proposto reduzir as reservas para reduzir o tamanho da
dívida pública. Segundo Guedes, a reportagem do Valor trata de uma conversa de
um mês atrás, quando o dólar estava ao redor de R$ 4,10, e que foi vazada.
Previdência
Em declarações dadas na
chegada à reunião com a equipe do presidente eleito, o indicado para liderar a
economia no próximo governo ainda reiterou que realizar a reforma da
Previdência é uma prioridade, lembrando que controlar os gastos públicos é uma
necessidade para o país. Segundo ele, será proposta a criação de um novo regime
previdenciário no modelo da capitalização, mas também é necessário corrigir
erros do regime atual.
“Temos que controlar os gastos
públicos, e o déficit está galopante... eu digo: aprovem a reforma da
Previdência“, afirmou. “Nós vamos criar uma nova Previdência com regime de
capitalização, mas tem um Previdência antiga que está aí e é preciso consertar
e corrigir os problemas da atual. Nossa Previdência é um avião com cinco bombas
a bordo a explodir a qualquer momento.“
Guedes indicou que é a favor
da votação da reforma da Previdência atualmente travada no Congresso,
apresentada pelo governo Temer. Em entrevista, ele afirmou que passou dois anos
afirmando que a reforma deveria ser votada, e que agora não pode dizer que não
aprovem. O presidente eleito Jair Bolsonaro já havia afirmado que quer aprovar
parte do texto que já está no Congresso.
Paulo Guedes aproveitou,
ainda, para esclarecer declarações do futuro ministro da Casa Civil de
Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que disse não ver necessidade de pressa para aprovar
uma reforma da Previdência.
“Vocês estão assustados porque
é político falando de economia, é o mesmo que eu sair falando de política. Não
vai dar certo“, disse.
Atualmente, a Previdência
funciona como um sistema de caixa comum. Os aposentados recebem do que é
arrecadado de quem está trabalhando atualmente. No regime atual, o Estado é
responsável pelos pagamentos e tem que arcar com a diferença entre a
arrecadação e as despesas. Já a capitalização funciona em um regime de poupança
e foi adotado no Chile. É criada uma conta individual em que o trabalhador
deposita sua contribuição que, no futuro, banca a aposentadoria.
Banco Central
O economista, segundo a
Reuters, também defendeu a permanência de Ilan Goldfajn como presidente do
Banco Central, dizendo que seria algo natural, mas acrescentou que essa
possibilidade ainda não está definida.
"Isso aí tem que combinar
com os russos. Tem que combinar com a nossa equipe aqui dentro, tem que
combinar com o Ilan", disse.
Guedes também afirmou que o BC
deve ser independente e ter mandato não coincidente com o do presidente da
República. Segundo ele, a independência do BC será formal, de modo que a
discussão sobre a permanência do presidente do órgão durante outras trocas de
governo não irá existir. "É a última vez que vai existir essa incerteza
durante uma eleição", disse.
Mercosul
O economista também falou
sobre o episódio de segunda-feira, quando respondeu com rispidez a uma
jornalista argentina afirmando que o Mercosul e a Argentina "não são
prioridade" para a futura gestão do Brasil. Guedes afirmou que "em
nenhum momento quis desmerecer a Argentina". "Nosso foco, nosso
principal problema hoje são os desequilíbrios internos", disse.
Privatização
Guedes também voltou a
defender a privatização de empresas estatais como parte de uma 'transformação
do estado'. De acordo com ele, as estatais "viraram ativos mal geridos e
focos de corrupção". "Elas perderam a capacidade de
investimento", afirmou. "E são empresas que estão aparelhadas
politicamente, são mal geridas".
G1
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